//Faltam vinte mil camas para estudantes em Lisboa e Porto

Faltam vinte mil camas para estudantes em Lisboa e Porto

O mercado das residências universitárias no país está muito longe de suprir as necessidades dos estudantes. Todos os anos, as famílias portuguesas defrontam-se com a escassez de oferta e, em consequência, com os elevados preços. E a realidade não se irá alterar significativamente nos próximos anos. Um estudo da consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W), a que o Dinheiro Vivo teve acesso, estima que faltem 20 mil camas só para responder às necessidades da comunidade universitária de Lisboa e Porto.

A dimensão da carência de soluções nestas duas grandes cidades é bastante acentuada e pode até extrapolar-se para todo o país. Segundo os dados da C&W, a oferta no todo nacional é pouco superior a 23 mil camas, entre residências públicas, privadas e de instituições religiosas, quase a necessidade estimada pela consultora para Lisboa e Porto. Na capital, existem atualmente cerca de 5500 unidades e, no Porto, perto de 5300, a maioria de privados.

A escassez no mercado tem vindo a ser colmatada pelo investimento de vários promotores, mas está ainda aquém das necessidades. Os dados assim o comprovam: há pelo menos 120 mil alunos universitários deslocados da sua terra natal, a que se soma o crescente número de estudantes estrangeiros nas faculdades nacionais.

Como salienta Ana Gomes, partner & head of development & living da C&W em Portugal, o número de estudantes tem vindo a aumentar nos últimos anos e nem a pandemia fez mossa nesse crescimento. Em 2020/21 – os últimos indicadores da consultora -, contavam-se mais de 353 mil universitários portugueses e quase 59 mil estrangeiros, que comparam com os 332 mil nacionais inscritos no ano letivo de 2019/20, e os 65 mil externos.

Os brasileiros são a principal nacionalidade, os angolanos ocupam a segunda posição e seguem-se depois estudantes provenientes de diversos países europeus e da Ásia. Este crescimento de potenciais interessados em arrendar alojamento confronta-se com as vicissitudes atuais do mercado de arrendamento português. “É cada vez mais difícil encontrar casas para arrendar em Lisboa e Porto, os preços estão muito elevados e a disponibilidade é escassa”, recorda a responsável.

Os investidores começaram a responder a essa lacuna há cerca de cinco anos, quando ainda se pensava que os principais clientes seriam os estudantes estrangeiros. A realidade demonstrou que as modernas residências estudantis também atraiam portugueses e inclusive jovens profissionais que veem esses projetos como uma solução temporária de habitação. Mas, como demonstra a C&W, ainda há muito que fazer.