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As famílias da zona euro que participaram no inquérito aos consumidores relativo a junho do Banco Central Europeu (BCE) estão à espera de uma taxa de juro média no crédito à habitação na ordem dos 5% dentro dos próximos 12 meses. Mas, em compensação, esperam um alívio na inflação até aos 3,4%, indica o mesmo estudo, divulgado esta terça-feira.
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Note-se que este inquérito foi conduzido em junho junto de 14 mil residentes da zona euro, portanto, antes da nova vaga de subidas nos preços dos cereais e do petróleo que emergiu em julho.
Antes, em junho, o BCE encontrou um universo de consumidores relativamente menos preocupado quanto ao agravamento da inflação e ao crescimento da economia. Mas o mesmo não se pode dizer das perspetivas relativas às taxas de juro, que estão a subir rapidamente (por decisão do BCE) para, justamente, trazer para baixo a taxa de inflação e tentar fazê-la convergir com 2% o mais rapidamente possível.
De acordo com o inquérito, as expectativas relativas às taxas de juro do crédito à habitação para os próximos 12 meses rondaram uma média de 5%, em junho. Em maio, a média estava em 5,1%, diz o BCE.
Esta descida muito ligeira foi porque as famílias mais ricas estavam a sentir-se mais otimistas, diz o estudo. “Deveu-se sobretudo às expectativas dos grupos de rendimento médio e elevado, já que as expectativas dos dois quantis de rendimento mais baixo mantiveram-se inalteradas.”
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Segundo o banco central presidido por Christine Lagarde, “a perceção [da facilidade] de acesso ao crédito nos últimos 12 meses voltou a diminuir ligeiramente, tal como em maio, enquanto as expectativas de acesso ao crédito nos próximos 12 meses se mantiveram praticamente inalteradas”.
Além disso, “os consumidores esperam que o preço da sua casa aumente 2,1% nos próximos 12 meses, estabilizando num mínimo de dois anos”, diz o mesmo inquérito.
Para compensar, em junho, a perceção ainda era de alívio na inflação, depois de meses de grande agravamento, sobretudo em 2022.
Mas, como referido, junho foi antes da confirmação do impacto da seca severa em vários países do leste e norte europeu, que está a arrasar com a produção de cereais (como trigo). Também foi nas vésperas do fim do acordo dos cereais do Mar Negro (a Rússia bateu com a porta em julho) e antes da nova vaga de aumentos no preço do petróleo.
Assim, para os consumidores ouvidos em junho, “a taxa mediana de perceção da inflação nos últimos 12 meses manteve-se inalterada em 8%, mas no entanto, a mediana das expectativas de inflação para os próximos 12 meses voltou a diminuir para 3,4%, face a 3,9% em maio”, refere o estudo do BCE. “As expectativas de inflação para os próximos três anos também diminuíram, passando de 2,5% em maio para 2,3%”.
O BCE também confirma que os mais jovens sentiam ou percecionavam níveis de inflação inferiores face aos mais velhos.
“As perceções e expectativas de inflação mantiveram-se estreitamente alinhadas entre os grupos de rendimentos, embora os inquiridos mais jovens (com idades compreendidas entre 18 e 34 anos) tenham continuado a apresentar perceções e expectativas de inflação mais baixas do que os inquiridos mais velhos (com idades entre 55 e 70 anos).”
O BCE explica que este Inquérito às Expectativas dos Consumidores tem uma periodicidade mensal e é feito através de meios informáticos e telefónicos junto de “cerca de 14.000 consumidores adultos (com idade igual ou superior a 18 anos) de seis países da Zona Euro: Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Itália e Países Baixos”.
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