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Adversidades como as altas taxas de juro no crédito à habitação ou até mesmo a inflação, que, em 2023, continuou a produzir um impacto significativo nos preços ao consumidor, não demoveram as famílias de gastar mais nesta corrida às compras de Natal, assim o revelou o cenário comercial português nos primeiros vinte dias de dezembro, ao registar não só um aumento homólogo de 14% nos pagamentos efetuados com cartão, como também um avanço de 10% na faturação total.
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Estes dados pertencem ao Reduniq Insights e foram compilados pela rede nacional de aceitação de cartões da marca Unicre, que detém cerca de 70% da quota de mercado, a pedido do DN/Dinheiro Vivo. Numa análise mais detalhada, entre dia 1 e 20 deste mês, destacaram-se alguns períodos-chave no que toca às receitas. É o caso de 1, 5, 8 e 13 de dezembro, que cresceram os montantes em 38%, 27%, 20% e 22%, respetivamente, em comparação com o igual período do ano passado.
O facto de as transações terem conhecido um incremento superior ao da faturação prende-se sobretudo com a diminuição do valor médio despendido em cada compra durante esta época: se, nos primeiros vinte dias de dezembro de 2022, os portugueses desembolsaram uma média de 35,84 euros por cada transação, pela mesma altura, em 2023, pagaram 34,48 euros, menos 4% ou 1,36 euros, em termos nominais. De salientar que este fenómeno pode também estar associado à “gradual democratização dos pagamentos digitais em detrimento do dinheiro físico”.
Os setores dos hiper e supermercados (31%), da moda (12%) e da restauração (10%) foram os que mais pesaram em toda a faturação – em conjunto, feitas as contas, representaram mais de metade das receitas apuradas no período em causa. No que diz respeito à variação homóloga, a restauração foi a que mais cresceu, apresentando uma subida de 18%, seguida pela hotelaria e atividades turísticas (15%), moda (12%) e retalho alimentar tradicional (10%). Não obstante a sua expressão no totalidade das contas, os hiper e supermercados conheceram uma quebra marginal de 1%.
Geograficamente, os números da Reduniq indicam que todos os distritos do país apresentaram um crescimento tanto do montante de faturação, como do número de transações, face ao mesmo espaço temporal do ano anterior, sendo que Bragança (19%), Portalegre (18%), Açores e Viana do Castelo (14%) sobressaíram em relação aos restantes, ao manifestarem as quatro maiores evoluções ao nível das receitas.
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Cabaz total ascende aos 356 euros
Ainda que os pagamentos efetuados com cartão e a faturação processada pela marca da Unicre apontem para uma trajetória ascendente, a 15.ª edição do estudo Compras de Natal, realizado pelo Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), dá conta de que o custo total do cabaz da festividade deverá ter diminuído cerca de 5,5% face ao período homólogo, uma vez que as famílias previam gastar, em média, 356 euros em compras, menos 21 euros do que em dezembro de 2022.
Questionados sobre os seus planos, seis em cada dez portugueses afirmaram que iriam desembolsar menos em relação ao ano passado, enquanto três nesta mesma proporção disseram que iriam gastar o mesmo. Dos que tinham planos para reduzir o orçamento, destacou-se a redução da despesa com as ornamentações de Natal (86%), presentes para os adultos (81%) e, em menor escala, produtos alimentares específicos da época natalícia (33%). Já metade dos inquiridos que estimavam um maior gasto indicaram que esta alteração se devia ao aumento generalizado dos preços.
De uma amostra composta por 560 pessoas, quase 57% admitiram ter alterado os seus hábitos de consumo nesta altura do ano, nomeadamente no que se refere à redução de custos com compras de Natal (40,8%) e à diminuição do número de pessoas para as quais compra presentes (36,7%).
Para compreender a situação financeira das famílias, o estudo inquiriu os participantes sobre o subsídio de Natal e oito em cada dez referiu que iria recebê-lo no início do mês – um dado que permanece praticamente inalterado desde 2020, segundo o IPAM. Dos que receberam este “extra”, 3% revelaram não ter intenções de o utilizar para realizar as compras, enquanto 2% admitiu que iria gastá-lo na totalidade para esse mesmo efeito. Quanto aos restantes, um terço estimou despender entre 11% e 25% do subsidio e outro terço, por seu turno, previu gastar entre 26% e 50% do subsídio.
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