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As famílias portuguesas gastaram 10,665 mil milhões de euros nos super e hipermercados em 2021. Foram mais 316 milhões de euros do que no período homólogo, o que corresponde a um crescimento de 3,1%.Os dados são dos Scantrends da NielsenIQ, documento que destaca o reforço de posição das marcas de distribuição, as chamadas marcas brancas, que têm já uma quota de 36,8% do total de gastos dos portugueses em bens de grande consumo.
Para o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) este crescimento de 2021 é fruto do aumento do consumo dos portugueses e não tanto do efeito inflação. “Este crescimento está assente no aumento de vendas líquidas. As pessoas estão a comprar mais”, diz Gonçalo Lobo Xavier, sublinhando que, só em janeiro de 2022, é que se começou a materializar a subida de preços para compensar o aumento dos custos dos transportes, energia e matérias-primas. A inflação será, acredita, o grande tema para o setor em 2022.
“Continuamos a fazer um enorme esforço para acomodar [estes aumentos de custos], para sermos eficientes, mas é impossível não os refletir no preço de venda ao público. Estamos a ter crescimentos de custos da ordem dos 25 a 30% e, quando assim é, é toda a cadeia de valor que é impactada”, frisa este responsável.
A performance de 2021 é particularmente significativa atendendo a que compara com um ano de grande dinamismo no mercado do retalho alimentar. Com a pandemia, os confinamentos e o encerramento da restauração, as famílias reforçaram significativamente as compras nos super e hipermercado, levando as vendas de bens de grande consumo em 2020 a crescer 7,4% para 10,340 mil milhões de euros. Em dois anos de pandemia, o consumo dos portugueses no retalho alimentar registou um crescimento acumulado de 1,185 mil milhões de euros.
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Em termos de produtos, é o segmento das bebidas o que mais cresce, com aumentos de 10% nas vendas de bebidas alcoólicas e de 7% nas não alcoólicas, o que atesta a mudança de comportamentos face ao período pré-pandemia. “Com o canal Horeca (hotelaria, restauração e cafés) cheio de restrições e limitações, claramente as pessoas passaram a reunir-se mais em casa e a comprar produtos mais caros, seja nos vinhos, espumantes ou uísques”, diz Gonçalo Lobo Xavier, admitindo que “há uma certa saturação e uma certa necessidade das pessoas de se libertarem das amarras da covid”.
As vendas de produtos de mercearia cresceram 4%, menos de metade do ano anterior, e os congelados tiveram um acréscimo de 1%, que compara com os 18% de aumento em 2020, quando as famílias procuravam abastecer o frigorífico de produtos que lhes permitissem reduzir as idas ao supermercado. A higiene pessoal, cate- goria que em 2020 registou uma quebra de vendas de 1%, cresceu, no ano passado, 2%, com especial destaque para os produtos da cosmética.
Globalmente, quase 40% da fatura dos portugueses nos supermercados é referente a artigos de mercearia e 16,7% a laticínios, embora esta seja uma categoria que tem vindo a perder terreno. Os congelados representam 7,7% do total, as bebidas alcoólicas 11,5% e as não alcoólicas 6,6%. Para a higiene do lar vai 7,9% dos gastos e para a higiene pessoal 10%, mostram os dados da NielsenIQ.
“Esmagador” foi, também, o crescimento das marcas próprias da grande distribuição, refere o diretor-geral da APED. Efetivamente, por cada 100 euros gastos pelos portugueses nos supermercados, 36,8 euros são de produtos de marca branca. Nos artigos alimentares, esse peso é de quase 44 euros em cada 100, sendo que, nos congelados, ultrapassa já os 53,2.
“As marcas próprias hoje ganharam já estatuto, fruto de uma ótima relação de qualidade-preço. Além de que houve um grande investimento por parte de todas as cadeias na reformulação do seu sortido, abrangendo já produtos gourmet, seja nos queijos, na charcutaria ou nas manteigas, o que foi muito bem acolhido pelos consumidores”, diz Gonçalo Lobo Xavier.
Em termos de canais de consumo, foram os grandes supermercados os que mais beneficiaram em 2021, com um crescimento de 7,8% das suas vendas comparativamente ao período homólogo. Os hipermercados cresceram apenas 2,3%, enquanto o comércio tradicional recuou 2,4%.
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