O grande dia é hoje, sexta-feira 21 de setembro. A Farfetch, empresa luso-britânica que vende artigos de luxo, estreia-se em bolsa nos Estados Unidos. E, de acordo com os dados citados pela Bloomberg, a empresa fundada e liderada pelo português José Neves vendeu ações acima do intervalo previsto na oferta pública inicial (IPO na sigla anglo-saxónica) e arrecadou 885 milhões de dólares – mais de 754 milhões de euros no câmbio atual.
No final do ano passado, a Farfetch tinha 935.772 clientes ativos, mais 44% que a 31 de dezembro de 2016, indicou a empresa nos documentos que entregou para entrar em bolsa. No ano passado, a empresa registou perdas na ordem dos 50 milhões de euros, apesar de ter gerado receitas de 329 milhões de euros. Os bancos Goldman Sachs, JPMorgan Chase, UBS e Allen lideraram o processo de oferta.
A Farfetch nasceu há dez anos, numa altura em que o mundo financeiro atravessava uma forte turbulência. A empresa nasceu pouco antes da falência do Lehman Brothers, um dos grandes bancos de investimento naquela época. Pouco depois, a crise financeira atinge economia mundial. José Neves teve, por isso, de assegurar sozinho o financiamento inicial desta empresa.
Em 2015, a Farfetch levanta uma ronda de 86 milhões de dólares -73 milhões de euros no câmbio atual- e fica avaliada em mil milhões de dólares, ou seja angaria o estatuto de unicórnio.
No ano seguinte, a empresa liderada por José Neves captou uma nova ronda, desta vez de 95 milhões de euros. Nova ronda chegou em junho de 2017, quando os chineses da JD.com, segunda maior empresa de comércio eletrónico da China, compraram uma participação na Farfetch no valor de 397 milhões de dólares, 337 milhões de euros no câmbio atual.
O banco de investimento BiG, numa nota enviada às redações, indica que a empresa “deverá continuar a registar elevadas taxas de crescimento no futuro” sustentadas nomeadamente pelo crescimento do mercado de luxo, distribuição geográfica dos consumidores – companhia tem uma forte presença na Ásia. “Este crescimento terá no entanto que ser acompanhado por uma inteligente gestão de margens, para que a empresa possa ser lucrativa no longo-prazo. Consideramos que o potencial positivo da Farfetch assenta na possibilidade de esta se transformar na Amazon do mercado de luxo – uma ‘one stop shop’ para bens de luxo”.
O BiG salienta ainda que “não existem atualmente empresas negociadas em bolsa com um perfil igual à Farfetch”. Por isso, “optámos por comparar a empresa a um conjunto de peers que operam nos mesmos segmentos que esta – comércio online (Amazon e Alibaba) e Luxo (LVMH e Kering). Como a Farfetch não tem um resultado líquido positivo, escolhemos comparar a empresa com base no múltiplo de Preço por Ação sobre Vendas por Ação (P/S), estimando que a Farfetch aumentará as receitas em 50%, 30% e 20% em 2018, 2019 e 2020, e assumindo um preço por ação de 18 dólares”.
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