O encerramento de subsidiárias de multinacionais estrangeiras constitui “uma oportunidade para a economia portuguesa” ao permitir que as empresas locais contratem profissionais especializados com experiência, conclui um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos que é divulgado esta quarta-feira.
Esta é uma das conclusões do estudo “Encerramento de multinacionais: o capital que fica”, um dos três realizados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) que serão apresentados na Jornada da Economia e da Competitividade no Porto, na Casa da Música, a que a Lusa teve acesso.
“Os nossos resultados revelam que os despedimentos levados a cabo por subsidiárias de EMN [subsidiárias das empresas multinacionais] estrangeiras aumentam o contingente disponível de profissionais especializados e proporciona oportunidades de contratação para jovens empresas domésticas”, refere o estudo.
“Verificamos que estas podem ter acesso a profissionais muito competentes recém-despedidos de EMN (gestores de topo com longos anos de casa), os quais, de outro modo, teriam melhores oportunidades em empresas mais ricas em recursos, bem como naquelas predispostas a criar ambientes de trabalho empreendedores (experiência anterior enquanto empreendedores)”, adianta.
Estas conclusões “fornecem novos mecanismos teóricos para a investigação acerca do comércio internacional que tenham como temática a transferência de recursos entre as subsidiárias de EMN e os países de acolhimento em geral, bem como os efeitos nos países de acolhimento do encerramento de subsidiárias em particular”, aponta.
Além disso, “fazemos progredir a investigação no campo dos recursos humanos estratégicos, concentrando-nos na parcela do capital humano oriundo das EMN e nos efeitos recombinatórios que se seguem ao encerramento das subsidiárias de EMN”, prossegue o estudo.
Por outro lado, salienta, “os gestores das jovens empresas, em particular, podem converter o encerramento de subsidiárias de EMN em oportunidades para contratar trabalhadores qualificados. Os dados indicam que estes gestores deveriam tentar recrutar profissionais das EMN com experiência empresarial anterior e que as probabilidades de êxito são particularmente elevadas se o encerramento afetar muitos trabalhadores e se a oferta de emprego nas EMN restantes for escassa”.
Ou seja, o investimento em capital humano é um fator decisivo na sobrevivência de subsidiárias de empresas multinacionais estrangeiras e, embora o seu encerramento seja uma realidade difícil, muitas vezes resulta numa oportunidade económica, permitindo às empresas portuguesas contratar profissionais qualificados com experiência em contextos internacionais.
De acordo com o estudo da FFMS, entre 1985 e 2015, as EMN representavam cerca de 1% das empresas na economia portuguesa, onde se destacam as subsidiárias totalmente detidas por capital estrangeiro, sendo responsáveis por mais de 10% da força de trabalho nacional.
Lisboa é a região que reúne mais empresas multinacionais (66%), seguida do Norte, com 21%, embora esta última tenha perdido terreno entre 1985 e 2015.
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