“Eu acho que é quase um mago”, disse Pedro Ferraz da Costa, referindo-se a Mário Centeno e à elaboração do Orçamento do Estado para 2019 (OE 2019). “Consegue fazer uma política que agrade simultaneamente ao BE, ao PCP e à Comissão Europeia”, disse o líder do Fórum para a Competitividade, na segunda-feira à noite, em entrevista no Tudo é Economia, na RTP3.
Além de agradar a gregos e a troianos, Ferraz da Costa aponta ainda outra “coisa extraordinária” que o ministro das Finanças conseguiu fazer: uma política que não está sujeita a grande escrutínio. “Não sabemos exatamente o que ele vai fazer com as despesas que estão no OE 2019. Acho que ele conseguiu muito inteligentemente se pôr numa posição onde não é confrontável por qualquer oposição, seja partidária ou da sociedade civil”.
Na opinião do empresário, este orçamento não devia ser tão parecido com os anteriores. “O Governo devia puxar mais pela economia. É o crescimento da economia que pode criar empregos para o futuro”, afirmou.
Apesar de defender que alguns setores estão a crescer, nomeadamente os mais tradicionais, Ferraz da Costa salienta que Portugal precisa de mais investimento direto estrangeiro. “Os últimos anos correram mal, afastámos a confiança dos investidores. É preciso dar passos mais decididos nesse sentido. Temos condições para crescer mais”.
“Nós podíamos perfeitamente crescer 4,5% ao ano e se fizéssemos isso nos próximos 10 anos, acabávamos com a dívida pública, baixávamos os impostos, aumentávamos os salários e era bom para todos”, apontou.
Quando questionado sobre o aumento do salário mínimo, o antigo presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal defendeu a fixação dos salários por empresas e setores. “O salário mínimo nacional é feito para dar a ideia de que são o Estado e as estruturas sindicais que o dão e não as empresas”.
Ferraz da Costa destacou ainda que “há muito mais medidas sociais para apoiar os que não trabalham do que os que trabalham”, referindo-se especialmente dos jovens que não estudam nem trabalham – os “nem-nem” -, e a falta de preocupação com a classe média, nomeadamente no que toca à carga fiscal. “Por exemplo, a partir dos três mil euros brutos, o Estado recebe mais do que a pessoa leva para casa. Não acho que isto seja aceitável”.
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