//Filandorra Teatro do Nordeste em “lay-off” e com muitas queixas do Governo

Filandorra Teatro do Nordeste em “lay-off” e com muitas queixas do Governo

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A Filandorra Teatro do Nordeste, com sede em Vila Real, recorreu ao “lay-off”. Foi o caminho encontrado para ultrapassar a “falta de espetáculos” e também a “falta de apoio” por parte do Ministério da Cultura.

De acordo com o diretor, David Carvalho, foi “feito o pedido de ‘lay-off’ para os dez colaboradores com vínculo efetivo”. Já em relação aos cinco trabalhadores independentes, que colaboravam com a Filandorra, foi suspensa a atividade.

“Os próximos dois meses vão ser determinantes. Esperemos que possa haver uma solução para que este projeto com 34 anos não se perca, não acabe definitivamente. Nós queremos resistir”, afirma David Carvalho.

Mas nem tudo é culpa da pandemia. O diretor da Filandorra conta que a crise da companhia se arrasta desde outubro, altura em que ficou a saber que não foi contemplada com o apoio sustentado bienal 2020/21 da Direção-Geral das Artes (DGArtes). “A culpada é a senhora ministra da Cultura que deixou de fora companhias elegíveis e, em seis meses, foi incapaz de resolver o nosso problema, assim como o de outros projetos”, acusa.

Companhia reclama “medidas efetivas”

Os problemas, contudo, agudizaram-se nos últimos tempos com o cancelamento de espetáculos e outras iniciativas programadas. E David Carvalho não vê na linha de emergência lançada pelo Governo para o setor a solução para ultrapassar os constrangimentos. “A linha de emergência para o setor é insuficiente, são necessárias medidas efetivas para o apoio ao tecido cultural”, reclama o diretor da companhia.

A linha de apoio à cultura prevê que cada projeto de entidades artísticas possa receber apoio até 20.000 euros. Já no caso de artistas esse apoio pode ir até aos 2.500 euros.

A companhia, com sede em Vila Real, concorreu com “um projeto, a esses 20.000 euros, o que dá praticamente para um mês de salários e despesas efetivas de uma estrutura como a nossa”, assinala David Carvalho.

A Filandorra nasceu em Vila Real e tem-se afirmado como uma companhia de território, levando teatro a várias localidades de todo Norte do país. Trabalha em rede com cerca de 20 municípios dos distritos de Vila Real, Bragança, Porto, Guarda e Viseu.

“É a maior rede protocolada do país”, afirma o diretor da companhia, esclarecendo que esta rede significa “cerca de 50% do orçamento do projeto”. Nos meses de abril e maio, segundo o diretor da companhia, vão perder “cerca de 35 mil euros, devido ao cancelamento de espetáculos, de ações de formação e animação que estavam programadas”.

A atividade da Filandorra assenta na divulgação de autores dramáticos nacionais e clássicos universais e ainda na divulgação de textos para a infância e juventude, afirmando-se como companhia de “reportório” apostada no desenvolvimento e criação de novos públicos.

Do seu histórico contam-se mais de 70 produções, cinco mil espetáculos e perto de um milhão de espetadores.

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