A agência de ‘rating’ Fitch considerou hoje que a possível fusão entre o Caixabank e o Bankia pode desencadear mais operações de consolidação no setor bancário espanhol.
Numa análise hoje divulgada, a Fitch diz que a fusão entre o CaixaBank e o Bankia poderá “desencadear uma nova onda de consolidação no setor bancário espanhol”, levando outros bancos a movimentações para ganharem escala e fortalecerem os seus negócios de modo a que consigam manter-se competitivos.
Segundo a agência de ‘rating’, se o negócio for avante levará a uma significativa mudança no panorama espanhol, com implicações para outros bancos, uma vez que a fusão criará um importante ‘fosso’ entre a nova entidade bancária e os outros dois maiores competidores, o Santander e o BBVA, em termos de quota do mercado doméstico.
A operação também criará um fosso significativo entre os três maiores bancos de Espanha e os restantes.
Ainda de acordo com a Fitch, a necessidade de consolidação bancária em Espanha (mas também em outros países europeus) não é nova, face à rentabilidade dos bancos sob pressão, às baixas taxas de juro, à reduzida procura de crédito, ao aumento dos custos regulatórios e à necessidade de os bancos investirem na digitalização.
A estes fatores somam-se agora dois novos, a crise desencadeada pela covid-19 e o facto de recentemente o Banco Central Europeu (BCE) ter sinalizado que poderá flexibilizar as condições das fusões, incluindo as relativas a rácios de capital.
Também hoje a agência de ‘rating’ DBRS divulgou uma análise sobre a fusão destes bancos espanhóis, considerando que seria positiva para a rentabilidade da nova entidade bancária, face à crise da covid-19 e ao contexto de baixas taxas de juro, desde logo porque há sinergias a criar, através de poupanças de custos e da economia de escala.
Segundo a DBRS, em 2018, 85% das agências do Bankia estavam em áreas onde também estava o Caixabank.
Além disso, a DBRS considerou também que o setor bancário espanhol ainda tem espaço para mais consolidações sem afetar a concorrência.
Na semana passada, o Bankia e o CaixaBank anunciaram ao mercado que estão a estudar uma possível fusão.
A fusão dos dois bancos daria origem a um grupo financeiro com ativos de mais de 650 mil milhões de euros (dois terços do Caixabank e um terço do Bankia), mas que apenas estaria presente em Espanha e Portugal.
Ao contrário do Santander e do BBVA, a entidade que resultará da fusão entre Caixabank e Bankia será sobretudo doméstica, sem o benefício da diversificação internacional.
O Caixabank (dono do português BPI) tem como maior acionista a Fundação La Caixa, com 40% do capital social. O Bankia é maioritariamente detido (62%) pelo Estado espanhol.
De acordo com a imprensa espanhola, a Fundação La Caixa (dona do CaixaBank) controlaria 30% do grupo resultante da fusão, enquanto o Estado reduziria a sua presença no Bankia.
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