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O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Europa argumenta que o “stress” no setor bancário global “não terminou”, dado que as taxas de juro continuam a subir, mas salienta a “solidez” dos bancos da zona euro.
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“Não [terminou], porque o ciclo de subida das taxas [de juro] em muitos países ainda não terminou. O que se vê também é um aumento da margem financeira de juros, [pelo que] os bancos estão a beneficiar do facto de podermos aumentar as taxas de juro dos empréstimos, mas as taxas dos depósitos não se moveram tão rapidamente”, observou Alfred Kammer.
Em entrevista a agências de notícias europeias, incluindo a agência Lusa, em Estocolmo, o responsável assinalou que “isso vai mudar com o tempo”, mas por agora “não diria que qualquer período de “stress” já terminou”.
Ainda assim, perante o recente colapso do banco norte-americano Silicon Valley Bank e a crise do Credit Suisse, Alfred Kammer salientou que o ponto de partida para os bancos da moeda única “é diferente do que se viu em 2008”, altura da crise financeira, havendo agora um “um sistema bancário sólido na Europa”.
“Está bem capitalizado, é altamente líquido, bem regulado e bem supervisionado e, portanto, a nossa avaliação é que este sistema bancário deve ser capaz de lidar com o “stress””, estimou o responsável do FMI para a Europa.
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Ainda assim, segundo Alfred Kammer, “é necessário fazer mais”, já que “quando se olha para a questão do Silicon Valley Bank ou para o Credit Suisse, o que significa é que os supervisores precisam intensificar a sua ação e realizar testes de esforço e identificar vulnerabilidades”.
“Acreditamos que precisamos de um quadro sólido para a resolução bancária” na zona euro, defendeu.
Em março, o setor financeiro global esteve sob tensão com a falência do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos e a compra pelo banco suíço UBS do rival Credit Suisse por um valor baixo, com garantias substanciais do Governo e perdas para alguns obrigacionistas.
Esta situação não contagiou os bancos da zona euro, nomeadamente porque estes beneficiaram de várias melhorias na regulação desde a última crise financeira.
Ainda assim, a falência do banco do estado da Califórnia Silicon Valley Bank suscitou preocupações quanto à solidez do setor bancário na zona euro.
A primeira “vítima” europeia, o Credit Suisse, foi agarrada pelo compatriota UBS dias depois por uma fração do seu valor na bolsa.
Perante tensões no setor bancário internacional, a Comissão Europeia propôs, na semana passada, que os fundos de garantias de depósitos possam poder ser utilizados para financiar também a resolução de bancos europeus de pequena e média dimensão que não disponham de reservas de capital suficientes.
Esta posição de Bruxelas constou de uma proposta legislativa sobre a reforma da gestão de crises no setor bancário e no quadro do sistema de garantias de depósitos, prevendo também alargar a proteção proporcionada por estes fundos aos depósitos até 100 mil euros já em vigor para particulares, para abranger também os depósitos de entidades públicas, tais como autarquias locais e hospitais.
Para Alfred Kammer, “é importante, tal como proposto pela Comissão, disponibilizar efetivamente esse regime de resolução a um leque mais vasto de bancos que possam ser incluídos nesse regime de resolução”.
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