O Fundo Monetário Internacional prevê uma recessão de 10% para 2020 em Portugal.
O FMI mostra-se assim mais pessimista do que em abril, altura em que tinha apontado uma contração de 8%.
A organização está também mais pessimista que o Governo, que no Orçamento do Estado apresentado esta manhã estima uma contração de 8,5% este ano. É também um cenário mais negro do que o apresentado pela Comissão Europeia, que em julho apontou para uma recessão de 9,8%, ou que o da OCDE, que admite uma quebra de 9,4%, e mesmo do Conselho das Finanças Públicas, que fala numa recessão de 9,3%, e do Banco de Portugal, que melhorou a projeção para uma queda de 8,1% este ano.
Já para 2021 o FMI espera um crescimento de 6,5%, acima dos anteriores 5% e dos 5,4% apontados pelo Governo português. A inflação deverá ficar em zero este ano, só no próximo ano é esperada uma subida ligeira para 1,1% e a taxa de desemprego deverá disparar para 8,1% em 2020 e recuar para 7,7% no próximo ano.
Tributar os mais ricos
No World Economic Outlook de outubro, o Fundo defende a subida dos impostos para os mais ricos e que as empresas paguem conforme os respetivos lucros. São medidas que os Governos devem ter em conta, para dar a volta à atual crise.
O FMI avisa que esta crise será sentida, sobretudo, pelos países mais pequenos, mais endividados e mais dependentes do turismo. A população vai perder condições de vida, vai aumentar a pobreza e a desigualdade.
Mexer na fiscalidade é, nestes casos, uma solução. O FMI defende o aumento da progressividade dos impostos, “para os indivíduos mais ricos e para os que foram comparativamente menos afetados pela crise (incluindo aumentar os impostos nos escalões de rendimento mais elevados, propriedade de luxo e na riqueza)”, o que garantia que quem mais tem ia contribuir mais. Na mesma linha, é justo que as empresas com lucros também sejam chamadas a pagar a crise. O Fundo incentiva ainda os governos a procurarem entendimentos internacionais para avançar com impostos digitais.
Os governos também têm um papel ativo a desempenhar. O FMI é “a favor do investimento público” e pede mais atenção ao combate às alterações climáticas.
Por fim um alerta, para os riscos da conjuntura económica, que são “anormalmente elevados”. Segundo o FMI são riscos descendentes e muito dependentes da evolução da pandemia.
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