Portugal terá, este ano, uma das recessões mais duras da zona euro, com a economia a quebrar cerca de 8% em termos reais, indica o Fundo Monetário Internacional (FMI), no Panorama Económico Mundial, o outlook da primavera, divulgado esta terça-feira a partir de Washington.
Esta depressão económica será a pior marca anual de que há registos na História moderna do País (as séries longas da Comissão Europeia remontam a 1960), como aliás já aventaram mais instituições oficiais e gabinetes de estudos económicos de algumas universidades.
A taxa de desemprego também acompanhará o declínio rápido da economia, mais do que duplicando entre 2019 e 2020.
Depois de ter ficado em 6,5% da população ativa no ano passado, o FMI vê agora o desemprego a subir em flecha até aos 13,9%.
No ano seguinte, a economia portuguesa recupera, mas não tudo o que vai perder este ano. O crescimento deve chegar a 5%, indica o FMI, que agora é dirigido pela búlgara Kristalina Georgieva.
Da mesma forma, o mercado de trabalho continuará bastante debilitado no ano que vem. O nível de desemprego baixa apenas para 8,7%, prevê a instituição.
Portugal volta assim a divergir ligeiramente da zona euro, mesmo com esta em recessão profunda.
Segundo o FMI, a zona euro sofre uma contração de 7,5% este ano, um pouco menos do que Portugal.
A Alemanha deve recuar 7% e França segue-lhe as pisadas, com menos 7,2%.
Itália, o maior foco da pandemia na Europa, registará uma depressão superior a 9%, Espanha recua 8%, Grécia terá a pior situação da moeda única, com a economia a quebrar 10%.
Fora da União Europeia, a economia do Reino Unido decresce 6,5%.
Gita Gopinath, a economista-chefe do FMI, explica que “a pandemia da Covid-19 está a infligir custos humanos elevados e cada vez maiores em todo o mundo, e as medidas de proteção necessárias estão a ter um impacto severo na atividade económica”.
“Neste contexto de pandemia, a economia global deverá contrair-se acentuadamente em cerca de 3% em 2020, muito pior do que durante a crise financeira de 2008-09”, observa a economista. Na grande crise financeira a economia mundo cedeu apenas 0,1% em 2009.
No cenário de base elaborado pelo FMI — “que pressupõe que a pandemia desaparece no segundo semestre de 2020 e os esforços de contenção podem ser gradualmente revertidos” — a economia mundial “deverá conseguir crescer 5,8% no ano que vem à medida que a atividade se vai normalizando, ajudada pelo apoio de medidas de política”.
No entanto, “os riscos de termos resultados ainda mais graves que estes são substanciais”.
(atualizado 14h30)
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