
O Fundo Monetário Internacional corrigiu as previsões para a economia portuguesa e mostra-se agora mais pessimista, face a outubro. Cortou em três décimas o crescimento este ano, para 2%, e admite 1,7% em 2026.
As novas previsões do FMI ficam abaixo do que avança o governo, o Banco de Portugal e o Conselho das Finanças Públicas.
O Ministério das Finanças aponta para um crescimento de 2,1% em 2025. O Banco de Portugal reviu em ligeira alta o crescimento, para 2,3%.
No programa eleitoral da AD, a coligação vai mais longe e admite fechar este ano com um crescimento de 2,4% e 2,6% no próximo. Mais conservador, o PS aponta para um crescimento de 2,3% este ano e 2,1% em 2026.
Forte revisão em baixa a nível mundial
As previsões nacionais estão em linha com o resto do mundo e não surpreendem, face ao aviso deixado na última semana pela responsável pelo FMI. Kristalina Georgieva adiantou que as novas projeções de crescimento iriam “incluir reduções significativas, mas não recessão”, refletindo os riscos da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos.
As últimas projeções mundiais do FMI adiam mais uma vez a retoma da zona euro, que há mais de dois anos que têm a atividade praticamente estagnada. Antes pelo contrário, o FMI admite novo arrefecimento. Após um crescimento do PIB de 0,9% no ano passado, o grupo das economias da moeda única deverá recuar para 0,8. Para 2026, a expectativa é agora de uma subida de apenas 1,2% no PIB.
A “crescente incerteza e tarifas são os fatores chave do crescimento ténue de 2025”, explica o FMI.
Espanha deverá ser a única exceção na zona euro, já que as projeções para Portugal foram revistas em baixa. Madrid deverá assistir a um crescimento de 2,5%, apoiado pelo aumento da atividade no final do ano passado e pela reconstrução após as cheias.
Para as restantes maiores economias do euro, o FMI admite um crescimento nulo na Alemanha neste ano e 0,9% em 2026. Em França, aponta para uma subida de 0,6% este ano e 1% no próximo. Itália deverá registar uma subida do PIB de 0,4% este ano e 0,8% em 2026.
A nível mundial, o crescimento deve avançar apenas 2,8%, cinco décimas abaixo da projeção de janeiro. Para 2026 é esperado um ligeiro aumento do ritmo, para 3%, que ainda assim fica três décimas abaixo do que tinha sido apontado no início do ano.
Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Japão são as economias que levam os maiores cortes nas perspetivas de crescimento.
FMI admite mais um corte nos juros este ano, de 0,25%
O Fundo Monetário Internacional sublinha nestas projeções que os riscos e incertezas aumentaram, com a guerra comercial instigada pelas tarifas.
Ainda assim, o FMI conta com um novo corte nas taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, antes do verão, em 25 pontos base, o que deixaria a principal taxa de referência nos 2%.
Para a inflação média anual da Zona Euro, antecipa variações de 2,2% neste ano e de 2% no próximo.
Uma nova subida dos preços continua em cima da mesa, assim como os riscos de maiores tensões sociais, com impactos negativos para a realização de reformas que suportem o crescimento e para a ajuda internacional.
O FMI avisa que um recuo nos fluxos migratórios trará dificuldades ao mercado trabalho, mas também poderá implicar menos crescimento potencial e menor sustentabilidade orçamental nos países de destino.
Governo diz que previsões mostram equilíbrio da dívida pública
Em comunicado, o Ministério das Finanças destaca a manutenção de contas positivas até 2030, com um excedente orçamental de 0,5% este ano e 0,1% no próximo. A dívida pública deverá continuar a descer.
Já sobre as previsões de crescimento não há nenhuma referência. Recordo que o FMI cortou as projeções em três décimas e aponta agora para 2% este ano. Um valor que fica abaixo da estimativa do governo, do Banco de Portugal e do Conselho das Finanças Públicas.
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