A França vai intensificar os seus preparativos para um Brexit sem acordo, após a rejeição por parte do Parlamento britânico do acordo de saída negociado com Bruxelas, anunciou esta quarta-feira a Presidência francesa. O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, vai encontrar-se na quinta-feira pela manhã com os “principais ministros para fazer um balanço dos preparativos e acelerá-los”, precisou a Presidência francesa.
O porta-voz do Governo francês, Benjamin Griveaux, disse que o objetivo da reunião é explorar “uma possível aceleração” para que as instituições francesas “estejam prontas no caso de uma saída da Grã-Bretanha da União Europeia sem o acordo”. Quase vinte ministros vão estar presentes ou representados nesta reunião, incluindo os da Economia, das Contas Públicas, Negócios Estrangeiros, Justiça e Educação.
A França “lamenta a rejeição do acordo por uma esmagadora maioria” dos parlamentares britânicos, referiu Griveaux. Segundo o porta-voz, este foi “o melhor acordo possível, não é negociável”, insistiu, acrescentando que Paris agora aguarda propostas de Londres.
De acordo com o Eliseu, “o importante hoje é que há uma solução. Todas as soluções a serem propostas serão vistas com simpatia e abertura, desde que respeitem os princípios da UE, incluindo a integridade do mercado único e no interesse da coesão e do projeto europeu”. O cenário de um acordo sem saída “seria muito negativo para o Reino Unido” e “seria mau para a Europa e para a França, que é a porta da frente” de grande parte dos fluxos entre a Grã-Bretanha e o resto da Europa, sublinhou a Presidência.
O parlamento britânico reprovou na noite de terça-feira de forma expressiva o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo da primeira-ministra Theresa May com Bruxelas, com 432 votos contra e 202 a favor. Uma desvantagem de 230 votos, sendo que 118 dos votos contra foram de deputados do próprio partido Conservador da primeira-ministra Theresa May.
Após ser conhecida a derrota do Governo conservador de Theresa May, o líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, apresentou na câmara baixa do Parlamento uma moção de censura contra o executivo que será debatida e votada hoje e que, a ser aprovada, poderá desencadear a convocação de eleições legislativas antecipadas.
Para ser bem-sucedida, uma moção de censura precisa de pelo menos 320 votos a favor, mas a oposição ocupa apenas 308 lugares dos 650 da Câmara dos Comuns, pelo que terá de conseguir o apoio de outros deputados. Com o chumbo, a dois meses e meio da data [29 de março] prevista para a saída, já esperado por políticos, imprensa e analistas, o processo fica com um futuro incerto.
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