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O ministro das Infraestruturas já tinha admitido na semana passada, durante a apresentação do plano de reestruturação da TAP, que ia ser feita uma aposta na Portugália (TAP Express, na denominação oficial) e que a frota iria duplicar. Ao Dinheiro Vivo, fonte oficial do ministério de Pedro Nuno Santos indica que “a frota atingirá os 26 aviões Embraer em 2022”.
O que significa que no próximo ano e em 2022 a transportadora aérea vai receber 13 aeronaves. “A TAP está constantemente a monitorizar as condições de mercado. A grande maioria dos aviões da TAP e da Portugália não são comprados, mas sim alugados em regime de leasing”, explica ainda.
A transportadora do grupo TAP tem na sua frota 13 aviões da fabricante brasileira: nove aeronaves Embraer 190, com capacidade para 106 passageiros, e quatro Embraer 195, com capacidade para 118 passageiros. Com menos lugares para passageiros que a frota da TAP (o modelo mais pequeno da TAP é o A319 que permite uma ocupação na casa dos 140 passageiros), a Portugália vai estar mais focada a fazer ligações ponto a ponto, potencialmente realizando mais ligações a partir do Porto e de Faro.
“A aposta na TAP Express vai, pelo menos, permitir ou tornar viável um conjunto de operações que não o são, se forem feitas pelas TAP”, disse o ministro das Infraestruturas durante a apresentação do plano de reestruturação da TAP na semana passada, tendo acrescentado que “vamos aumentar a capacidade de servir a região norte a partir do Sá Carneiro, mas, mais uma vez, é um trabalho da gestão e que depende da procura”. Esta semana, numa audição parlamentar sobre a TAP, Pedro Nuno Santos sublinhou que “o aeroporto Sá Carneiro é o principal do noroeste peninsular e tem potencial para crescer. A TAP tem um papel importante no aeroporto, que nunca vai perder e vamos tentar através desta aposta na Portugália, aumentar também a viabilidade; fazermos outro tipo de voos a partir do Porto”.
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Mas não será apenas a frota da Portugália a aumentar. O plano de reestruturação da TAP – enviado na semana passada para Bruxelas e que agora vai ser negociado e só depois ficará fechado e pronto a ser implementado – prevê o despedimento de até dois mil funcionários (500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da área de manutenção e engenharia e 250 funcionários de outras áreas), além de cortes até 25% na massa salarial, que serão progressivos para remunerações acima dos 900 euros. Contudo, nenhum dos efetivos que vão sair pertence à Portugália.
A Portugália tem, no global, 700 trabalhadores, disse o ministro em entrevista ao Negócios, e “nenhum vai ser despedido”, sendo necessário até reforçar essa equipa “ao longo dos próximos anos”. Ao Dinheiro Vivo, fonte oficial diz que “no final de 2021, a PGA já terá mais trabalhadores do que no final de 2020”, não dando mais detalhes sobre o processo de recrutamento.
Apesar de muitos trabalhadores irem sair da TAP, Pedro Nuno Santos disse ainda que “não pode haver passagens diretas” de uma transportadora para a outra. Ainda assim, recrutar que já ali esteve pode ser viável. “Vamos tentar privilegiar, ver se é possível do ponto de vista legal, experiência na TAP”, etc.
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O plano de reestruturação da transportadora portuguesa admite que a empresa vai continuar a precisar do apoio do Estado nos próximos anos. Na semana passada, o ministro admitiu que as necessidades de financiamento podem chegar até aos 3700 milhões de euros até 2024. As estimativas, indicou, apontam para “perdas acumuladas de receita até 2025 no montante de 6,7 mil milhões de euros”.
Nas contas que acompanham o plano de reestruturação, a TAP alcançará o break-even operacional em 2023, deixando assim de gastar mais com a operação do que o valor que entra nos cofres da empresa. “Em 2024, a TAP já tem resultado operacional positivo, mas como tem encargos financeiros ainda tem necessidades de financiamento. Em 2025, a TAP estará em condições de devolver dinheiro ao Estado”, garante Pedro Nuno.
Questionada, a easyJet diz que “não comenta” a estratégia dos concorrentes mas, e tal como já tinha vincado em entrevista ao Dinheiro Vivo neste verão, “nenhum auxílio estatal deve ser concedido em condições que provoquem uma distorção da concorrência e prejudiquem a normal competitividade do mercado”.
“Apesar das circunstâncias inéditas, a low cost tem dado provas da aposta em Portugal e vai desempenhar um papel decisivo no apoio à recuperação da economia nacional, trazendo de volta os turistas ao país naquilo que acreditamos que irá ser uma boa época de verão. Exemplo disso é o anúncio recente sobre a abertura da terceira base no país, no aeroporto de Faro, já no próximo verão”, indicou José Lopes, country manager da easyJet Portugal. “Quaisquer tipo de ajudas deveriam estar disponíveis de forma igual para todos os que trabalham diariamente em prol da economia portuguesa”, frisou.
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