Os fundos de Paul Singer, o investidor ativista que ficou conhecido como o “abutre da Argentina”, construíram uma posição acima de 2% na EDP. Após a saída dos americanos do Capital Group, a elétrica foi alvo do investimento dos fundos de um dos gestores mais temidos nos mercados financeiros.
A Elliot International e a Elliot Associates ultrapassaram, a 10 de outubro, a fasquia de 2% no capital da EDP, patamar a partir do qual a posição tem de ser divulgada publicamente. Isto numa altura em que Capital Group, que chegou a ser a segunda maior acionista da elétrica, se estava a desfazer da posição na EDP.
Segundo um comunicado enviado pela elétrica à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, “no dia 16 de Outubro de 2018, Paul Elliot Singer comunicou à EDP que detém uma participação qualificada (…) composta por 83.827.873 acções, representativas de 2,2925% do capital social da EDP e respectivos direitos de voto”. A empresa detalha que a “participação de Paul Elliot Singer ultrapassou o patamar de 2% do capital social da EDP no dia 10 de Outubro de 2018”.
Aos valores de mercado atuais, a participação de Paul Singer na EDP está avaliada em mais de 260 milhões de euros. Não é a primeira vez que o gestor faz incursões pelo mercado de capitais nacional. Já apostou na descida das ações da antiga Portugal Telecom e fez investimentos em dívida do BES, através de um veículo de investimento montado pelo Goldman Sachs. O dinheiro perdido nessa aplicação levou mesmo Paul Singer, em conjunto com outras gestoras, a processarem o Banco de Portugal.
Um gestor temido
Paul Singer foi considerado pela Fortune como o gestor ativista mais bem-sucedido do mundo. Neste tipo de estratégias, os fundos especulativos entram no capital de empresas em que querem desbloquear mais valor, seja através de fusões, de desmembramento das unidades de negócio ou de mudanças na gestão. Tudo para aumentar o retorno aos acionistas. Nesta tática, investidores como Singer tendem também a entrar em empresas que passam por processos como ofertas de aquisição, caso da EDP e da proposta da China Three Gorges.
Além da entrada no capital de empresa, os fundos especulativos semelhantes aos de Singer também apostam na descida das ações de empresas que consideram não ter grande futuro. Em 2014 fez um raide para tentar lucrar com a desvalorização da antiga Portugal Telecom após se ter descoberto o investimento da operadora em papel comercial da Rioforte, uma entidade do Grupo Espírito Santo.
Outra das estratégias utilizadas por Singer é a de investir m obrigações de entidades que estão quase a entrar na falência. Compra esses títulos com elevado desconto para depois adotar uma abordagem dura na renegociação da dívida, de forma a obter lucro. O caso que tornou Paul Singer mais conhecido, e que lhe valeu a alcunha de “abutre”, foi a guerra de 15 anos que teve com a Argentina.
Os fundos do gestor nunca aceitaram, como a maior parte dos outros investidores, reestruturar a dívida do país, o que impediu que a dívida dessa nação saísse de situação de incumprimento Em 2016 conseguiu chegar a acordo com as autoridades argentinas para recuperar um valor significativo das obrigações que detinha.
Atualizada às 19:20
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