A Galp Energia teve um resultado líquido ajustado (RCA) de 29 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, uma quebra de 72% em relação a igual período de 2019.
Já os resultados líquidos em IFRS (segundo normas internacionais de relato financeiro – International Financial Reporting Standards) fixaram-se em 257 milhões de euros negativos, informou a empresa em comunicado ao mercado, “refletindo sobretudo um efeito de stock de -278 milhões resultante do declínio acentuado dos preços das commodities durante o período”. Leia-se, por efeito da desvalorização do inventário da petrolífera em resultado da queda das cotações do petróleo.
O cash flow das atividades operacionais caiu 38% para 244 milhões de euros, “impactado pela performance operacional e apesar do desinvestimento em fundo de maneio durante o período, refletindo, sobretudo, os preços inferiores em commodities“, refere a empresa, especificando que o os resultados operacionais caíram 5% face ao período homólogo devido à “contração provocada pela pandemia da covid-19 e às medidas de confinamento na Península Ibérica, que fizeram cair o preço do petróleo e provocaram quedas acentuadas na procura de energia por parte das empresas e dos consumidores”.
O EBITDA ajustado caiu, assim, para 469 milhões, dos quais 286 milhões correspondentes ao segmento Upstream, que caiu 24%, em termos homólogos, “impactado pela diminuição abrupta dos preços de petróleo no período”. A produção média de petróleo e gás natural foi de 131,4 mil barris por dia, mais 17% que no primeiro trimestre de 2019, “impulsionada pelo desenvolvimento continuado” dos projetos Lula e Berbigão/Sururu, no Brasil, e por uma maior contribuição do projeto Kaombo, em Angola.
Na Refinação & Midstream o EBITDA cresceu 64 milhões para 90 milhões de euros, devido ao “desfasamento temporal das fórmulas de pricing na atividade de aprovisionamento a compensar o menor desempenho inferior da atividade de refinação”. E o primeiro trimestre de 2019 havia sido marcado por “restrições operacionais” no sistema refinador da Galp. Em resultado disso, as matérias-primas processadas aumentaram 18% e as vendas de produtos petrolíferos cresceram 13%, “beneficiando de um aumento das exportações”. As margens de refinação caíram 19%.
“As vendas de gás natural também caíram, com a atividade de trading a refletir a deterrioração das condições do mercado, enquanto as vendas de eletricidade permaneceram estáveis”, sublinha a companhia.
Já na área comercial, o EBITDA manteve-se nos 90 milhões de euros, “ainda que com volumes inferiores”, devido à “maior contribuição das atividades em Espanha”. As vendas de produtos petrolíferos a clientes diretos diminuíram 13%, em consequência dos limites à circulação impostos no mercado ibérico a partir de março. E as vendas de gás natural caíram 24%.
O investimento reduziu-se em 3% para 144 milhões. Destes, 103 milhões foram destinados a atividades de desenvolvimento e produção, relacionadas, em especial, com a execução dos projetos no Brasil e em Moçambique. A 31 de março de 2020, a dívida líquida da Galp era de 1.496 milhões de euros, um valor 7% inferior ao que era há um ano, mas que representa um aumento de 61 milhões, cerca de 4,25%, face a 31 de dezembro.
Recorde-se que, já no início do mês, a companhia presidida por Carlos Gomes da Silva havia anunciado que, atendendo à “queda acentuada da procura e dos preços dos produtos petrolífero”, estava a desenvolver ações com vista a “reduzir significativamente” as despesas nos próximos trimestres, com um corte esperado de despesas operacionais e de investimento de mais de 500 milhões de euros ao ano durante 2020 e 2021. Assim, os investimentos líquidos previstos passam a ser, em média, de 500 a 700 milhões de euros ao ano, valor que “poderá ser ajustado” de acordo com a evolução das condições de mercado.
“A flexibilidade do portfólio de ativos e projetos da Galp permitiu que a empresa tenha respondido, de forma ágil, para salvaguardar a sua resiliência no ambiente de mercado atual, essencialmente através da recalendarização de projetos de expansão. Algumas das iniciativas já estão em vigor, outras serão implementadas conforme necessário”, destaca a companhia.
“Tendo em conta a situação atual e a volatilidade de mercado, todas as restantes guidances operacionais e financeiras disponibilizadas pela empresa no seu Capital Markets Day de fevereiro não são já aplicáveis”, pode ler-se no comunicado, que dá conta que dá conta que “projeções atualizadas serão providenciadas ao mercado em momento oportuno”.
Quanto ao futuro mais próximo, o comunicado da Galp sublinha que, dada atual situação do mercado, em resultado da covid-19 e da redução da procura de produtos petrolíferos, é “prematuro reavaliar, neste momento, as conclusões obtidas na preparação das demonstrações financeiras anuais de 31 de dezembro de 2019, relativamente à recuperabilidade dos seus ativos”. Mas espera uma redução de vendas no segmento Upstream em consequência da queda dos preços do petróleo e gás natural, e uma queda do volume de vendas no segmento Refinação & Midstream e Comercial, dada a “diminuição significativa da procura de produtos petrolíferos e gás natural nos mercados em que a Galp opera, e que resulta na consequente menor utilização do aparelho refinador”.
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