“Ao fim do dia quem paga é o consumidor. Por muitas voltas que demos, as empresas vão refletir os custos que suportam nos preços de venda. É um movimento natural, que vai acontecer em todos os bens e serviços. Algumas empresas não têm margens confortáveis, em particular neste quadro que estamos a atravessar, e o único escape que têm é o de empurrar para o consumidor esses custos”, afiança.
Os CTT estão já a fazer refletir nos clientes a subida dos preços nos postos de abastecimento. Desde 1 de maio que estão a aplicar uma taxa de 5% no serviço expresso de encomendas. Numa comunicação enviada aos clientes, os Correios avisam que a denominada “taxa de combustível será atualizada mensalmente com base no preço mensal do gasóleo simples (….) com dois meses de diferimento”.
Os CTT justificam o aumento como “forma de adequar o preço dos envios (por via aérea e marítima) ao custo efetivo do mesmo” e “de tornar mais transparente esse impacto no preço do serviço prestado”.
Sobre a subida dos preços dos combustíveis, Ribeiro da Silva diz que esta “tem sempre um impacto negativo e é inibidor de um novo respirar da atividade económica. “Ainda por cima sabemos que, no nosso país, os preços dos combustíveis são superiores à média europeia por causa da carga fiscal que atinge valores muito altos, na ordem dos 65% na gasolina e 60% no gasóleo”.
A estrutura dos preços
O aumento dos preços a pagar pelos consumidores é sempre alvo de muitas críticas direcionadas para a indústria. O secretário-geral da Associação de Empresas Petrolíferas em Portugal (APETRO), António Comprido, defende-se dos que dizem que, quando o valor do barril de petróleo estava a 150 ou 160 dólares, o custo por litro não era proporcionalmente tão elevado.
“Agora que está a 70 [dólares] muitos dizem que o preço devia ser metade. É evidente que não poderia ser metade, porque a matéria-prima apenas contribui entre 20% a 25% do preço final, portanto, no máximo estaríamos a falar de 12,5%”, avança. Mas mesmo aí, garante, as contas não se podem fazer dessa forma. Porquê? “O valor do ISP era outro [à época]. Não havia nem taxa de carbono, nem incorporação dos biocombustíveis. Há outros fatores que fazem com que o preço final esteja agravado”, sublinha.
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