Frances Haugen, a denunciante do Facebook responsável por uma série de revelações sobre aquela rede social, encerrou o primeiro dia de Web Summit 2021. No palco principal, no Altice Arena, confirmou o que a levou a tomar essa decisão. “Apesar do medo que tinha, tinha de fazer isto”.
“Pensei: não posso esperar mais… e saí”, confessa, garantindo que “nunca pensou em denunciar”, porque não “gosta de atenção”, mas acabou por sentir que tinha de o fazer.
Na edição deste ano, a situação que se vive no Facebook é um dos temas em destaque da Web Summit.
“Tive muito medo antes de abandonar o Facebook mas, assim que o fiz, genuinamente acreditei que há milhões de vidas em jogo” e que, perante esse cenário, o medo lhe pareceu trivial.
“Todos os seres humanos merecem a dignidade de saber a verdade”, defendeu.
Esta é a quarta rede social onde trabalhou e, para ela, é claro que as coisas são muito diferentes no Facebook em relação às restantes empresas.
“O Google e o Twitter são mais transparentes”, garante, dando um simples exemplo: “Percebi muito cedo que precisamos de ter organizações saudáveis. No Twitter, a equipa que decide o que é seguro na plataforma não é a mesma que garante que os políticos estão felizes”. Tal cenário não se replica no Facebook, onde ambas as equipas respondem ao mesmo “chefe”.
“O Facebook estaria melhor com alguém que se focasse na segurança”
Quanto a Mark Zuckerberg, líder do Facebook, Frances admite que “o Facebook seria melhor com alguém que se focasse na segurança”.
Apesar disso, admite ter fé que a rede social possa mudar. “Ele tem um sonho bonito e é muito humano focarmo-nos no positivo. Cometer erros não faz dele má pessoa, mas não pode continuar a cometer os mesmos erros”, salienta.
Sobre as novidades da plataforma, que recentemente anunciou uma nova identidade − Meta− Frances diz haver um “meta-problema no Facebook”: a rede social “escolhe sempre a expansão” em vez de focar as energias em resolver os problemas “mais básicos”.
Por isso, incentiva o Facebook a investir na segurança. “O que sempre tentei repetir [no Facebook] é que há maneiras de tranformar a plataforma num espaço mais seguro, mais pequeno. A questão é: a quem damos mais voz?”, questiona.
Mas… será que o Facebook ainda pode ser salvo? “Acredito na capacidade de mudança. Quero saber como será o Facebook daqui a cinco anos”, remata.
Na abertura da Web Summit de 2021 estiveram em destaque as intervenções do Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
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