//Governo diz que proposta do PSD para cortar preço da luz tem de passar por Bruxelas

Governo diz que proposta do PSD para cortar preço da luz tem de passar por Bruxelas

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes, avisa o PSD que a proposta sobre a redução do IVA da eletricidade, mesmo que seja aprovada no Parlamento, tem de ser sujeita ao parecer de Bruxelas.

António Mendes falava esta terça-feira à noite nas jornadas parlamentares do PS, que decorrem em Setúbal.

O governante defendeu que a alteração dos sociais-democratas ao Orçamento do Estado para 2020 viola o princípio da neutralidade, considerada uma “linha vermelha” pela diretiva do IVA.

“Não se pode gerar um tratamento desigual em relação a atividade da mesma natureza só porque são exercidas por sujeitos com naturezas jurídicas distintas. Isso viola a linha vermelha nas regras do IVA, que são as distorções da concorrência, que é aquilo que é analisado pelo Comité de IVA para poder viabilizar uma medida. É bom que os portugueses saibam que a proposta do PSD, embora não esteja lá escrito, tem obrigatoriamente de ser sujeita ao parecer do Comité de IVA para que possa ser aplicada”, afirma António Mendes.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais acusa ainda o PSD de total impreparação ao apresentar esta proposta, tendo em conta a violação das regras do código do IVA.

“Não é possível separar consumos domésticos de eletricidade de outros consumos de eletricidade. Isso é algo que viola, por completo, as regras do IVA e o princípio que está no artigo 9.º da diretiva do IVA, que é o princípio de que a atividade económica tem que ser encarada de forma objetiva independentemente do fim ou do resultado”, afirma António Mendes.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que é também líder do PS de Setúbal, conclui que a única coisa que preocupa o PSD é criar tensão entre as bancadas de esquerda e o Governo.

O PSD apresentou na segunda-feira uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2020 que reduz de 23% para 6% a taxa do IVA da eletricidade “exclusivamente para consumo doméstico”, a partir de 1 de julho, medida que os sociais-democratas estimam ter um custo de 175 milhões de euros este ano.

Para compensar a perda de receita, o PSD propõe cortes de 21,7 milhões de euros em gabinetes ministeriais, 98,6 milhões em consumos intermédios e admite que a medida possa implicar uma redução do saldo orçamental até 97,4 milhões de euros, “sem comprometer o objetivo de um saldo orçamental de 0,2% do PIB”.

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