//Governo endividou-se a mais em 2020 para ter mais dinheiro barato este ano

Governo endividou-se a mais em 2020 para ter mais dinheiro barato este ano

A almofada de liquidez do Estado (a reserva em depósitos do Estado) atingiu os 17 mil milhões de euros no final do ano passado, o maior valor de que há registo.

Assim, os cofres terminaram o ano da crise pandémica com um montante em dinheiro que suplanta até o do tempo da troika (anos de 2012 e 2013, por exemplo), quando Portugal perdeu o acesso aos mercados e foi obrigado a constituir essas reservas por motivos de segurança e precaução.

Com este dinheiro, obtido através de uma verdadeira corrida ao endividamento ultra barato (taxas de juro mínimas em 2020, zero ou até negativas) e depois guardado nos cofres públicos, o governo acredita que ter agora mais capacidade para ir neutralizando os efeitos graduais mas negativos para o défice das subidas das taxas de juro, que já se fazem notar, aliás.

Ou seja, com esta margem de segurança, o governo (o Tesouro) pode gerir com mais cautela as idas aos mercados em 2021 e não depender tanto deles, por exemplo.

De acordo com dados oficiais da agência que gere a dívida pública portuguesa (IGCP), entidade que é tutelada pelo Ministério das Finanças, o Estado guardou deliberadamente para este ano cerca de 10,2 mil milhões de euros que foi buscar aos mercados, fazendo disparar o valor dos depósitos estatais para os referidos 17 mil milhões de euros no final do ano passado.

O valor dessa liquidez não usada, acomodada como reserva de segurança, é o maior nos registos disponíveis.