O Governo espanhol aprovou hoje em Madrid o projeto de Lei de Orçamento de Estado para 2019, apesar de não ter ainda os apoios necessários à sua aprovação no parlamento, nomeadamente o dos partidos independentistas catalães.
A porta-voz do executivo espanhol, a ministra Isabel Celaá, sublinhou numa conferência de imprensa que o projeto aprovado tem por objetivo “blindar o estado de bem-estar” através do resgate de “direitos maltratados pelo anterior Governo” de direita, como a Saúde e a Educação.
O executivo do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), no poder desde junho de 2018, teve de ajustar as suas propostas ao limite de despesa do governo de direita anterior, do PP (Partido Popular), depois de o parlamento ter recusado os objetivos mais flexíveis dos socialistas.
Mesmo assim, a direita espanhola já avançou que iria votar contra a proposta do Governo, assim como os partidos independentistas da Catalunha que apoiaram de forma decisiva a investidura de Pedro Sánchez no lugar de primeiro-ministro.
O chefe do executivo espanhol insiste em, a partir de agora, negociar as contas de Estado para 2019 com todos os partidos e não apenas com os independentistas catalães, que votaram a favor da sua investidura em junho do ano passado e nos últimos dias têm afirmado que só irão apoiá-lo se este fizer “gestos” concretos a favor dos políticos separatistas presos.
“Vamos estender a mão também ao Cidadãos [direita liberal] e ao PP [Partido Popular, direita]”, afirmou Pedro Sánchez no início desta semana, ao mesmo tempo que pediu para se separar as negociações orçamentais da situação política na Catalunha.
O projeto apresentado hoje prevê um aumento importante dos investimentos na Catalunha, de forma a traduzir o facto de esta região ser a mais rica de Espanha, uma das exigências dos independentistas.
Pedro Sánchez admitiu em finais de novembro passado a possibilidade de convocar eleições antecipadas caso o Orçamento para 2019 não fosse aprovado.
O primeiro-ministro espanhol assegurava até esse momento que iria levar a legislatura até ao fim, em meados de 2020, mesmo que tivesse de prorrogar as atuais contas do Estado, da responsabilidade do Governo anterior, do PP.
Entretanto, a classe política espanhola, principalmente os partidos de esquerda, está preocupada com a possibilidade de, a nível nacional, haver uma tendência de votação idêntica à das eleições regionais de dezembro último na Andaluzia, onde o PP e os Cidadãos (direita liberal), com a ajuda da extrema-direita do Vox, puseram fim a 36 anos de poder contínuo do PSOE na região.
Sánchez tornou-se primeiro-ministro em 02 de junho de 2018, depois de o PSOE — com apenas 84 deputados num total de 350 – ter conseguido aprovar no parlamento, na véspera, uma moção de censura contra o executivo do PP, com o apoio do Unidos Podemos (coligação de extrema-esquerda) e uma série de partidos mais pequenos, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães.
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