O Governo vai impor serviços mínimos na greve dos motoristas de veículos pesados. Ontem, terminou sem acordo a reunião entre os sindicatos e os patrões. Do lado das empresas, a ANTRAM defende mesmo uma requisição civil preventiva, que divide os constitucionalistas.
Os serviços mínimos serão decretados nos próximos dias, através de um despacho conjunto do ministro do Trabalho, Vieira da Silva, e do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
Pedro Nuno Santos assegura que estes serviços mínimos serão numa dimensão “satisfatória” e que o Governo “está preparado” para lidar com a greve de 12 de agosto. Horas antes, o ministro das Infraestruturas aconselhou os portugueses a abastecer os veículos de véspera. “Temos todos de nos preparar. O Governo está a fazer o seu trabalho [para evitar a greve], mas todos podíamos começar a precaver-nos, em vez de esperarmos pelo dia 12, que não sabemos se vai acontecer [a paralisação].”
Vieira da Silva referiu que “é muito claro para a maioria dos portugueses que o conflito laboral que uma parte dos sindicatos desse setor decidiu marcar para 12 de agosto, por relação a divergências salariais para o ano de 2021 e 2022, cria uma situação dificilmente compreensível”.
Os sindicatos defendiam que deveriam ser garantidos 25 dos serviços em todo o país; a ANTRAM propunha 70% a nível nacional. Na greve de 15 de abril, foram decretados, pelo Governo, serviços mínimos com 40% dos trabalhadores apenas para Lisboa e Porto.
Apelos das empresas
Com o cenário de paralisação cada vez mais sério, acentuaram-se os apelos das associações da distribuição e da área alimentar. A APED, associação das empresas de distribuição, quer que os super e hipermercados sejam incluídos nos serviços mínimos.
“Não se pode negar que se houver perturbações na logística haverá também perturbação nas lojas”, assinalou Gonçalo Lobo de Xavier ao Dinheiro Vivo. A APED representa cadeias como o Continente, Jerónimo Martins ou Lidl.
Do lado das petrolíferas, a Apetro assegura que está a preparar “ações que possam mitigar os efeitos da greve”, referiu António Comprido, secretário-geral. “Estamos a olhar para as lições da greve anterior”, acrescentou este dirigente.
A Anarec, a associação dos revendedores de combustíveis, considera “premente que seja garantida a segurança, no acesso aos postos de abastecimento, e às plataformas logísticas, dos motoristas que não adiram à greve, bem como daqueles que vão ser incumbidos de cumprir os serviços mínimos”, entende o presidente, Francisco Albuquerque.
A Adifa, associação de distribuidores farmacêuticos admitiu que já está a reforçar stocks e os serviços de turno para evitar grandes filas.
Poupança até 3 euros
Se seguirem o alerta do governante, e tendo em conta os mais preços mais recentes dos combustíveis, registados na terça-feira pela Direção Geral de Energia e Geologia, quem for ainda esta semana à bomba poderá abastecer um depósito de 60 litros por 91,5 euros, se for gasolina 95, e 81 euros, no caso do gasóleo simples. Isto num momento em que a gasolina está a custar 1,525 euros por litro e o gasóleo 1,350 euros.
Preços mais baixos, ainda assim, do que há três meses, quando os portugueses foram apanhados desprevenidos com a primeira greve dos motoristas de matérias perigosas. A paralisação durou quatro dias e deixou muitos postos de abastecimento por todo o país com as mangueiras secas e obrigou os automobilistas a suportar filas de muitas horas e muitos quilómetros para conseguirem abastecer e seguir viagem para aproveitar uma escapadinha no fim de semana de Páscoa.
Nessa semana, mostram os números da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), o mesmo depósito de 60 litros de gasolina começou por custar na segunda-feira 15 de abril 93,24 euros, encarecendo depois quase um euro e meio até quinta-feira, 18 de abril. Já a mesma quantidade de gasóleo custava no início da anterior greve 84,3 euros, tendo chegado aos 85,08 euros (mais de um euros por depósito) na mesma semana.
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