O Governo apresentou esta sexta-feira aos partidos as suas previsões económicas para 2022 e 2023, antecipando uma inflação de 7,4% este ano e de 4% em 2023.
Já o défice deverá ficar-se pelos 0,9% no próximo ano, com o Governo a afastar um cenário de recessão e a antever um crescimento de 1,3% em 2023.
Ainda no cenário macroeconómico, a dívida deverá rondar os 115% do PIB este ano. O objetivo do Governo é reduzi-la para 110,8% em 2023, um valor pré-troika.
Reagindo às previsões, Marcelo Rebelo de Sousa disse que são melhores do que esperava. O Presidente referiu também que estas previsões não são “um exercício de maquilhagem política” do Governo, algo que na sua opinião seria “suicida”.
O PS, na figura de Eurico Brilhante Dias, avalia positivamente as projeções do Governo, aplaudindo o trabalho para “criar um referencial de estabilidade que permitirá que, em 2023, a economia portuguesa possa continuar a crescer”.
Já a oposição contesta os números apresentados. No final da reunião com o ministro das Finanças, o Livre disse que as projeções são “pouco realistas”.
Na mesma linha, a líder do PAN, Inês Sousa Real, a segunda a reunir-se com o Governo, considera que as projeções do Executivo não estão em linha “com aquela que é a previsão para toda a Europa”.
A deputada Carla Castro da Iniciativa Liberal alinhou com Rui Tavares, falando em previsões arriscadas e num otimismo excessivo do Governo, ao prever 1,3% de crescimento económico no próximo ano.
O PCP não comentou as previsões, sublinhando que a prioridade para o próximo ano deve ser a “valorização dos salários”. O Bloco de Esquerda acusa o Governo de estar “a falhar na salvaguarda das famílias”.
Do lado do CHEGA, André Ventura acusa o Governo de falta de ambição. Ventura disse aos jornalistas que não haverá qualquer descida do IVA, nem nos impostos sobre os combustíveis, mas está prevista uma redução de impostos para os grandes consumidores de energia.
“O Governo reconheceu, para ser completamente honesto, que vai haver algumas pequenas mexidas nalgumas indústrias especialmente consumidoras de gás o que, de facto, era uma necessidade. Mas essas medidas não serão no IVA e não abrangem a grande maioria dos cidadãos e das empresas. Isto significa que não haverá mexidas nem em IVA nem em impostos sobre combustíveis”, disse o líder do Chega.
O PSD foi o último a reagir publicamente aos números (os partidos são recebidos pelo Governo consoante a sua representação parlamentar). O líder parlamentar do principal partido da oposição antecipa perda do poder de compra para os portugueses e alerta para um motor de crescimento “a gripar”.
Já o partido que suporta o Governo, o PS destacou as projeções de uma redução da dívida pública para a casa do 110% do Produto Interno Bruto (PIB) e de descida do défice na ordem dos 0,9% em 2023.
A proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023) vai ser entregue na Assembleia da República na próxima segunda-feira, dia 10 de outubro.
[atualizado às 17h34 com mais reações dos partidos]
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