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João Vieira Lopes diz que o Governo tem sido tímido nas medidas de apoio às empresas.
É a leitura do presidente da Confederação de Comércio e Serviços, sobre o mais recente apoio excecional a empresas com quebra de 75% na faturação, cujo impacto Vieira Lopes diz não perceber.
O dirigente associativo entende que o prolongamento do lay-off simplificado seria mais eficaz para as empresas, no atual momento de crise Covid-19.
“É extremamente difícil de perceber o alcance desta medida, dado que as empresas têm de empregar toda a gente. Ou seja, não permite a manutenção de pessoas com suspensão de contrato de trabalho com lay-off simplificado”, diz.
“Muitas empresas, quer por terem vários estabelecimentos, quer por estarem em vários pontos do país, quer por terem várias áreas de negócio, dificilmente poderão garantir o emprego a toda a gente e não serão abrangidas por esta medida. Achamos que seriam precisas medidas mais fortes porque estas não correspondem ao nível lento da retoma.”
“Sempre defendemos que o mais útil seria prolongar o lay-off simplificado até setembro, fazendo uma avaliação na segunda semana, em função da situação da economia. Estas solução para nós são alternativas que não têm o mesmo peso”, afirma ainda João Vieira Lopes.
“O Governo diz que as empresas que não tiverem possibilidade de manter todo o quadro a funcionar, devem recorrer ao lay-off que está no código do trabalho. Isso é verdade, mas essa medida é muito mais burocrática quer em termos burocráticos quer em termos tomada de decisão. Portanto, pensamos que, neste momento, estas medidas são demasiado tímidas em relação às dificuldades que as empresas enfrentam. Pela perda de poder de compra, pelo desemprego e pelo quadro de incerteza que leva os consumidores a retraírem-se.”
Nestas declarações à Renascença, Vieira Lopes diz que é provável que muitas empresas tenham mesmo de fechar. “É bastante provável porque muitas empresas vão na expectativa de retomarem um certo nível de negócio e se não o conseguirem atingir, haverá bastantes encerramentos e bastante retração no quadro de empregados. Por isso, pensamos que estas medidas são demasiado tímidas para resolver essa situação.”
Sobre a eventual chegada de fundos europeus, aprovados na semana passada precisamente para fazer face à crise causada pela pandemia, João Vieria Lopes teme que seja tarde de mais.
“Penso que isso é um equívoco porque, é evidente que os apoios europeus são importantes, mas olhando o calendário que existe para as decisões dos planos dos países, dificilmente vão entrar em Portugal verbas significativas antes do segundo semestre e a nossa preocupação é saber que empresas aguentarão até lá.”
A pandemia de Covid-19 tem causado uma grave crise de saúde em todo o mundo, a que se seguiu rapidamente uma crise económica. Em Portugal os primeiros casos foram detetados no início de março e desde então já morreram mais de 1.700 pessoas.
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