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O governo vai compensar dezenas de milhares de bancários que foram excluídos do bónus de meia pensão pago em outubro a todos os reformados da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações, como medida para ajudar a mitigar a subida da inflação. A garantia foi dada esta sexta-feira pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, durante uma conferência sobre o balanço da economia, emprego e Finanças Públicas em 2022.
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O ministro das Finanças afirmou que o governo reconheceu que “a natureza do apoio assumiu um caráter não contributivo”, porque resultou de “uma transferência do Orçamento do Estado, saiu da receita geral de impostos e não do regime da Segurança Social”. “O governo tem sentido de justiça” e, por isso, “vai prosseguir o diálogo com os sindicatos” dos trabalhadores da banca “no sentido de procurar uma solução que permita responder à pretensão” dos bancários, salientou o governante.
O mecanismo de compensação ainda está a ser estudado. Fernando Medina não revelou, para já, de que forma o governo irá pagar o diferencial entre a meia pensão e o cheque de 125 euros que os reformados da banca receberam à semelhança de todos os trabalhadores com rendimentos mensais brutos até 2700 euros, dos beneficiários de apoios sociais ou dos inscritos nos centros de emprego: “Veremos qual é o mecanismo. Neste momento estamos a fazer um esforço de aproximação. Em breve, apresentaremos o resultado desse trabalho”.
Recorde-se que pelo menos 22 mil reformados da banca ficaram excluídos do bónus de mais meia pensão que o governo pagou, em outubro, uma vez que estes pensionistas não estão no regime da Segurança Social ou apenas descontaram uma pequena parte do salário para o sistema, estando antes inseridos nos fundos de pensões privados.
Em setembro, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, tinha assegurado que apenas “os pensionistas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações são abrangidos pela medida”, o que motivou um coro de críticas por parte dos sindicatos da banca. Depois, e na sequência de uma reunião com o MAIS Sindicato do Setor Financeiro, o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) e o Sindicato dos Bancários do Norte (SBN), a governante adiantou que, no mínimo, todos os reformados da banca iriam receber do Estado o apoio de 125 euros pago aos trabalhadores e aos beneficiários da Segurança Social ou que estejam inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
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Ou seja, um pensionista do regime misto com 1000 euros de pensão, dos quais 100 são pagos pela Segurança Social, em vez de receber mais 50 euros teve direito a 125 euros. No caso de um reformado que apenas tenha descontado para o fundo privado, terá direito aos 125 euros por via do apoio a pagar a todos os contribuintes com vencimentos mensais brutos até 2700 euros.
Já um pensionista totalmente integrado na Segurança Social recebeu o bónus de meia pensão na sua totalidade.
A solução na altura encontrada não satisfez as estruturas sindicais que ameaçaram contestar a medida em tribunal.
Agora, o governo voltou atrás e admite compensar o diferencial entre os 125 euros e a meia pensão a que teriam direito. Este volte-face acontece porque o apoio não tem caráter contributivo, mas resulta de transferências do Orçamento do Estado, como explicou o ministro das Finanças.
O complemento extraordinário aos 2,7 milhões pensionistas da Segurança Social e da CGA custou aos cofres do Estado mil milhões de euros. Este apoio foi um adiantamento relativamente à atualização regular das pensões em 2023, pelo que, no próximo ano, o aumento das reformas será de apenas metade, entre 4,83% e 3,89% em vez do aumento previsto entre 8,42% e 7,46%. Isto significa um corte permanente para os futuros aumentos das pensões a partir de 2024.
(Notícia atualizada às 13h44)
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