//Grandes bancos encerraram 20% dos balcões em cinco anos

Grandes bancos encerraram 20% dos balcões em cinco anos

Os resultados dos maiores bancos portugueses melhoraram. Mas a subida dos lucros não levou a mudanças na estratégia de corte de custos. Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco, Santander Totta, BCP e BPI mantiveram o ritmo de reduções de balcões e de cortes de pessoal. Só no ano passado, saíram cerca de 1200 trabalhadores da banca e fecharam-se 320 agências. No caso dos balcões foi um dos anos em que existiram mais encerramentos.

A presença física dos bancos é cada vez mais pequena, numa fase em que as gestões das instituições financeiras estão a colocar as fichas na digitalização e em que a redução de custos é uma prioridade para manterem a rentabilidade. Em cinco anos, o número de balcões encolheu em 20%. São menos 1145. No final de 2018, os maiores bancos tinham 4411 agências em Portugal, segundo as contas anuais dessas instituições financeiras.

Desde final de 2013, os bancos que mais aceleraram no corte de balcões foram o Novo Banco, o BPI e a CGD. Têm atualmente menos 35% a 40% de agências que há cinco anos. No caso do banco público e da entidade que resultou da resolução do BES essa menor presença física decorre de exigências feitas pela Comissão Europeia para aprovar as ajudas públicas.

A Caixa deixou mesmo de ser o banco com maior rede em Portugal, tendo sido ultrapassado nestes últimos anos pelo BCP e pelo Santander Totta, que absorveu o Banif e o Popular. No entanto, na sequência da incorporação desses bancos, a entidade liderada por Pedro Castro e Almeida admite novas fusões de agências. Já o banco público, que encerrou 2018 com 522 balcões, terá de continuar a cortar até às 490 agências acordadas com Bruxelas.

Os bancos, e mesmo o supervisor, têm indicado que o caminho de corte de balcões é para seguir. No ano passado, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, avisava que, devido à digitalização e à diretiva que permite que existam concorrentes digitais aos bancos, se começava “a questionar até quando será necessária uma tão vasta rede de balcões como aquela que ainda caracteriza os sistemas bancários de vários países europeus”.

encerramentos de bancos

Menos 6000 trabalhadores

Os cortes também não poupam os trabalhadores. No ano passado, os cinco maiores bancos eliminaram cerca de 1200 postos de trabalho em Portugal, entre rescisões amigáveis e reformas antecipadas. Esse número aumenta para mais de 1400 se em vez da CGD Portugal se incluísse os números da atividade doméstica do banco público que apenas são discriminados nos relatórios do banco desde 2017.

No acumulado dos últimos cinco anos, as instituições financeiras reduziram em mais de 16% o número de funcionários. São menos seis mil trabalhadores. A resolução do BES levou ao maior corte. O Novo Banco tinha, no final de 2018, menos um terço dos trabalhadores do que o BES no final de 2013, um emagrecimento de mais de 2500 para cerca de 4800. No entanto, o presidente da instituição, António Ramalho, tem indicado que os cortes já atingiram as metas do plano de reestruturação, indiciando que a saída de pessoal e o fecho de balcões estaria a chegar ao fim.

Em sentido contrário, o Santander Totta, aumentou o número de funcionários em mais de 20%, um reflexo dos bancos que incorporou nesse período. Ainda assim, está em processo de emagrecimento. Em 2018 cortou 289 postos de trabalho, sendo superado apenas pelo Novo Banco e pela CGD na redução de pessoal.

O banco público deverá continuar a reduzir o número de funcionários. Até 2020 o plano é ter cerca de 6650 trabalhadores. No final de 2018, a entidade liderada por Paulo Macedo tinha 7675 empregados na atividade doméstica (7244 na CGD Portugal).

Regresso aos lucros

As reestruturações a que os bancos portugueses se submeteram, com a ajuda da recuperação da economia, ajudaram as contas das instituições financeiras. No ano passado, os cinco maiores bancos tiveram lucros acumulados de 375 milhões de euros. O Novo Banco é o único que continua com números negativos. Teve perdas de 1,4 mil milhões de euros e reviu em alta o prejuízo de 2017 para quase 2,3 mil milhões de euros.

Excluindo o banco liderado por António Ramalho, os maiores bancos aumentaram o lucro em 1,1 mil milhões de euros no ano passado para um total de 1,8 mil milhões. Essa melhoria foi conseguida à custa da queda das provisões e imparidades, redução de custos e a efeitos extraordinários em alguns bancos, como o caso do BPI, que aumentou o lucro de 10 milhões para 490 milhões de euros.

Ver fonte