//Greenvolt em bolsa e Lisboa passa a afinar por um quinteto de renováveis

Greenvolt em bolsa e Lisboa passa a afinar por um quinteto de renováveis

É verde, com ambição pan-europeia e com um nome forte ao comando: João Manso Neto. Subsidiária da papeleira Altri, a Greenvolt dedica-se à produção de energia através de biomassa (no passado chamava-se Bioelétrica da Foz). E tem estreia em bolsa marcada para os próximos dias, depois de ontem, ainda antes de terminar o prazo para levantar os 150 milhões propostos para o IPO (Oferta pública Inicial, em português), ter anunciado que “foi alcançado um volume de ordens de subscrição que supera o objeto da referida oferta (incluindo as designadas Initial Offer Shares e as Option Shares)”.

Para já, a estreia faz-se em Lisboa, mas os analistas não descartam que a empresa pode ter visibilidade internacional.

No final de junho, a Altri comunicou ao mercado que pretendia colocar cerca 25% da Greenvolt na Bolsa de Lisboa, esperando arrecadar 150 milhões de euros, valor alcançado nesta sexta-feira. Com a chegada ao mercado de capitais marcada para dia 15, a Greenvolt pode trazer animação à praça lisboeta, que conta já com quatro cotadas do setor energético (Galp, REN, EDP e EDP Renováveis, antes dirigida por Manso Neto).

“A entrada da Greenvolt na Bolsa portuguesa deverá trazer maior dinamismo ao mercado e esse dinamismo poderá vir a refletir-se no desempenho do PSI-20”, defende Henrique Tomé, analista da XTB. Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, aponta que é “uma entrada positiva a beneficiar” dos ventos favoráveis que o setor das energias limpas atravessa. “As empresas de energias renováveis têm vindo a ganhar crescente interesse e pesam cada vez mais nas economias e nos índices acionistas. A Greenvolt chegará ao PSI-20 como a 14.ª maior capitalização bolsista, atrás dos CTT, e cerca de metade do valor de mercado da empresa-mãe, a Altri”, acrescenta.

Pedro Lino, CEO da Dif Broker, recorda que “o mercado português de capitais tem sido arrasado, com muitas empresas a perder valor, outras retiradas de bolsa e sem entradas de relevo nos últimos sete anos”. Por isso, diz, “novas empresas são bem-vindas, ainda mais de setores em franco crescimento”.

A Greenvolt adquiriu recentemente outra empresa em Inglaterra. E no Capital Markets Day deu algumas indicações sobre o futuro: não pretende pagar dividendos nos próximos anos para conseguir realizar mais investimentos, quer ser uma firma “pan-europeia” e crescer através de aquisições. O setor das renováveis está “em ascensão e deverá apoiar as grandes empresas como a Greenvolt”, diz Henrique Tomé. “Tanto em Portugal como na Europa, este é um mercado ainda pouco explorado. Apesar de estar a ser neste momento muito procurado por investidores e grandes empresas, ainda estamos numa fase inicial, por isso, acaba por criar boas perspetivas para as empresas que estão envolvidas. Em termos de cotação bolsista, especula-se que este setor possa vir a registar ganhos atrativos para os investidores, além dos ganhos que se registaram durante o início deste ano”, diz.