A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China provocou perdas de quase 400 mil milhões de euros no comércio mundial. É o balanço para este ano da Euler Hermes, acionista da companhia de seguro de créditos COSEC. Num estudo divulgado esta segunda-feira, a seguradora francesa diz que em 2019 o comércio mundial de bens e serviços deverá ter registado o crescimento mais lento da última década (1,5%).
Ainda segundo este trabalho, “Trade Wars: May the Trade Force be with you“, a China, a Alemanha e Hong Kong foram as economias mais afectadas, perderam 60, 56 e 45 mil milhões de euros, respectivamente. O fraco crescimento do comércio mundial afectou sobretudo as exportadoras e os sectores da eletrónica, metais e energia.
EUA e China mantêm braço de ferro em 2020 e são quem mais ganha
Na origem do rombo nas contas deste ano das exportadoras está a guerra comercial entre os EUA e a China e, de acordo com a Euler Hermes, vai-se manter “o cenário de protecionismo generalizado e de tensão comercial” entre as duas maiores economias do mundo.
Em 2019, a guerra comercial deu origem a cerca de 1.290 novas barreiras comerciais do lado norte-americano, “o número de acordos regionais de comércio reduziu-se a um terço e as tarifas médias à importação cobradas pelos Estados Unidos mais do que duplicaram desde 2017”.
Ainda assim, a China deverá superar as perdas deste ano e estará, juntamente com os EUA, entre os países que registam maiores ganhos com exportações. Segundo este estudo, os chineses deverão arrecadar 81 mil milhões de euros e Washington 78 mil milhões de euros. Enquanto isso, Índia, África do Sul e Suécia deverão registar as maiores perdas no comércio mundial, entre cinco e quatro mil milhões de euros.
Para o próximo ano a seguradora de créditos prevê apenas uma ligeira melhoria nas trocas comerciais (1,7%), reflexo do abrandamento da economia mundial, da manutenção da elevada incerteza económica e política, e da subida das tarifas globais.
Comércio mais sustentável, mas com um preço
Em 2020 haverá mexidas na lei, para garantir “um comércio internacional mais sustentável”. Em causa estão objectivos como a criação de regulamentação sobre o transporte comercial e emissões de carbono dos produtos transacionados.
Na Europa, segundo este estudo, “supondo que o mecanismo de ajuste de carbono na fronteira implicará uma taxa de 1%, o impacto nas importações pode ser de 6,3 mil milhões”. Estas alterações afectam sobretudo as exportações da Rússia, Estados Unidos e China.
No próximo ano é também esperada a aplicação das tarifas às importações de automóveis europeus pelos Estados Unidos, que têm vindo a ser adiadas. Os actuais 3% podem aumentar para 10% e 25%, afectando sobretudo Alemanha e Reino Unido, os principais construtores automóveis. Poderá implicar perdas agregadas, na União Europeia, de 3,6 mil milhões por ano.
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