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O secretário-geral das Nações Unidas pediu neste sábado a revisão do sistema financeiro mundial que permita aos países em desenvolvimento um alívio da dívida e capacidade de investimento de modo a ultrapassar as crises cíclicas.
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“Precisamos de uma nova arquitetura da dívida que proporcione alívio e reestruturação da dívida a países vulneráveis – incluindo países de rendimento médio – ao mesmo tempo que proporcione suspensão imediata da dívida e amortizações aos países em necessidade”, afirmou António Guterres, no discurso de abertura da 36.ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana, em Adis Abeba.
Depois, os “Bancos Multilaterais de Desenvolvimento devem transformar o seu modelo de negócio e aceitar uma nova abordagem ao risco”, para “alavancar de forma maciça os seus fundos para atrair maiores fluxos de capital privado para os seus países”, sustentou.
“Apelei a um novo momento de Bretton Woods para transformar radicalmente a arquitetura financeira global”, que deve ser centrada “nas necessidades dos países em desenvolvimento”, que “deveriam ter uma voz muito maior nas instituições globais – incluindo as instituições financeiras”.
“O século XXI está prestes a ser o século de África”, considerou o secretário-geral da ONU, que elogiou o trabalho da UA, através de “medidas inspiradoras para ajudar a realizar o enorme potencial deste grande continente”, com a aprovação da Agenda 2063, “a Década da Inclusão Financeira e Económica das Mulheres”.
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António Guterres destacou também o foco “na criação de emprego e no enorme potencial da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA)”, apesar do contexto adverso.
“Também reconheço os enormes testes que a África – e na verdade o nosso mundo – está a enfrentar em praticamente todas as frentes”, disse Guterres, salientando que os problemas do mundo têm consequências no continente.
“Em muitos aspetos, os povos de África estão a suportar o fardo destas crises”, com um “sistema financeiro global disfuncional e injusto que está a falhar nos países em desenvolvimento quando mais precisam dele”, disse o secretário-geral da ONU, que lamentou também as “profundas desigualdades na disponibilidade de recursos para a recuperação da pandemia” e a “crise do custo de vida, exacerbada pelas consequências da invasão russa da Ucrânia”.
“Investir nos caminhos africanos para a prosperidade requer financiamento” e “os países em desenvolvimento são repetidamente abandonados à sua sorte”, porque o “sistema financeiro global nega-lhes rotineiramente o alívio da dívida e o financiamento concessional, enquanto cobra taxas de juro exorbitantes”, considerou.
A consequência é simples: “Os sistemas vitais são privados de investimento – da saúde e educação, à tecnologia verde, à proteção social e à criação de novos empregos sustentáveis”, apontou.
Os países africanos não podem investir nestas áreas críticas e subir a escada do desenvolvimento com uma mão atada atrás das costas.
Quanto ao “caos climático, que o povo de África pouco fez para causar”, Guterres avisa que há “inundações e secas mortais, colocando comunidades e vidas em risco e deslocando milhões de pessoas”.
“Em setembro, convocarei uma Cimeira da Ambição Climática no nosso caminho para a COP28 em dezembro, onde governos, empresas e sociedade civil demonstrarão o seu empenho em alcançar o zero líquido” de emissões.
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