Pelo menos, 900 mil pessoas empregadas estão em situação de pobreza absoluta, indica o relatório intercalar “Portugal, Balanço Social 2024”, que mostra ainda assim uma redução da taxa entre 2005 e 2022.
O cenário parece positivo, mas os números mostram que muita gente continua com dificuldades graves em pagar as contas ao final do mês.
Apesar da descida na taxa de pobreza absoluta, que varia entre 8,5% e 12,6% – consoante os métodos de cálculo -, os autores do estudo pedem ao Governo para ter atenção a estes números.
O documento revela que “os desempregados (25%) e as famílias com crianças (12,2%) são dos grupos com maior risco de pobreza absoluta”.
A pobreza absoluta “é mais comum nas áreas urbanas (8,8%) do que nas áreas rurais (6,9%)”.
O estudo elaborado por uma equipa da Nova SBE destaca que a taxa de risco de pobreza absoluta é inferior à relativa (que é de 16,4%) em todas as regiões, exceto na Área Metropolitana de Lisboa devido “ao elevado custo de vida, especialmente com a habitação”.
As regiões autónomas dos Açores e da Madeira são aquelas em que há “maior risco de pobreza absoluta”, com 22,1% e 15%, respetivamente.
Mais apoios sociais às famílias com crianças
Em declarações à Renascença, a economista Susana Peralta, da NOVA SBE, dá exemplos de alguns dos instrumentos que o Estado pode aplicar para ajudar as famílias mais pobres: transferências sociais dirigidas a famílias com crianças e políticas públicas, como refeições gratuitas nas escolas e durante as férias escolares.
“Por muitos ganhos que tenhamos tido recentemente no combate à pobreza, a verdade é que continua a haver situações de enorme privação neste país e devemos sempre lutar por uma economia mais inclusiva”, sublinha.
Sobre a pobreza extrema, Susana Peralta não se mostra surpreendida por ver os imigrantes entre aqueles que têm mais dificuldade em pagar o cabaz essencial de alimentos ao final do mês.
“Sabemos que estrangeiros residentes em Portugal têm uma relação com o mercado de trabalho mais precária e estão a trabalhar em setores, em média, com salários mais baixos”, indica.
Em comparação com a taxa de pobreza tradicionalmente calculada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a investigadora aponta que este estudo vem trazer dados mais aprofundados sobre a pobreza em Portugal, ao incluir nos cálculos o poder de compra nas diferentes regiões.
Deixe um comentário