//Há cada vez menos gente a trabalhar na agricultura em Portugal e cada vez menos explorações agrícolas

Há cada vez menos gente a trabalhar na agricultura em Portugal e cada vez menos explorações agrícolas

A agricultura portuguesa perdeu, em três décadas, quase um milhão de trabalhadores, o que dá uma média de 30 mil por ano. Os trabalhadores do setor são hoje 6% da população residente.

Este é uma das conclusões de um estudo feito pela Pordata, a base estatística da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Também temos cada vez menos explorações agrícolas – cerca de metade das que tínhamos no final dos anos 80. Embora a área da superfície agrícola se tenha mantido, mais de metade é usada para a produção pecuária.

A presidente da Pordata, Luísa Loura, diz à Renascença que “no final dos anos 80, quase 60%, eram terras aráveis. O resto repartia-se, irmãmente, mais ou menos, entre as pastagens e as culturas permanentes, que são as árvores de fruto e outras árvores que caracterizam também a nossa paisagem agrícola. Hoje em dia, as ditas terras aráveis passaram a apenas um quarto e temos metade para as pastagens”.

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A presidente da Pordata sublinha que, por outro lado, tem havido um aumento da produtividade agrícola, mas não tem sido acompanhado pelo retorno financeiro proporcional, o que pode justificar, pelo menos em parte, que o salário médio dos trabalhadores agrícolas seja 21% inferior ao dos trabalhadores por conta de outrem.

“A produtividade por produto aumentou para quase todos os produtos”, diz Luisa Loura.

“Triplicou nos cereais, duplicou na batata, naquelas culturas que são para a indústria, que é o tomate, o girassol, a beterraba multiplicou por seis, triplicou nos citrinos, quase duplicou nos produtos frescos e no olival. Portanto, a agricultura está mais eficiente. Não está é a dar o retorno financeiro que se esperaria”, assinala.

Ao longo dos últimos anos muito mudou no panorama agrícola português: A produção aumentou, mas não foi em todos os produtos. Os cereais, que já foram a maior produção do país, caíram 40%, embora continuem a ser a quarta cultura agrícola com a maior produção no nosso país, a seguir às forragens para alimentação animal e as culturas hortícolas.

“Enquanto alguns subiram imenso, depois houve outros que desceram imenso e um deles foram os cereais. Os cereais, a batata e as forragens desceram, que eram o grande forte no final dos anos 80. Os cereais tiveram uma quebra de quase 40%. É uma redução muito, muito, muito grande”, refere a presidente da Pordata.

A riqueza criada pela agricultura no ano passado foi de 3,5 mil milhões de euros, cerca de metade da riqueza gerada pelo sector no início dos anos 80.

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