A maioria das empresas da bolsa portuguesa conseguiu aumentar os lucros nos primeiros nove meses do ano. Das 15 cotadas que já foram ao exame do mercado, 11 melhoraram os resultados. Mas as piores contas da EDP levaram a uma quebra no resultado acumulado das cotadas do PSI20. Lucraram cerca de 2,5 mil milhões de euros até setembro, menos 250 milhões que no mesmo período de 2017.
Os analistas consideram que, apesar da quebra nos lucros das empresas da bolsa, a época de apresentação de resultados até correu bem. A “época de resultados no PSI20 para o terceiro trimestre de 2018 foi de uma forma geral positiva”, diz Albino Oliveira, analista da Patris Corretora, ao Dinheiro Vivo. Também João Queiroz, diretor da banca online do Banco Carregosa, considerou a época de apresentação de contas como “positiva”.
Mas houve pontos negativos, como a EDP. O lucro da elétrica baixou 74%, caindo de 1,15 mil milhões para 297 milhões. A empresa justificou esta quebra com fatores extraordinários, como a provisão de 285 milhões para fazer face “à alegada sobrecompensação nos CMEC” e o efeito positivo da venda da Naturgas nos resultados do ano passado. Fora isso, a empresa liderada por António Mexia indicou que o lucro recorrente até teria subido 2% para 570 milhões.
Na sessão seguinte à apresentação de resultados, as ações da EDP foram castigados pelos investidores. Desceram mais de 2%. E a elétrica perdeu o estatuto de empresa com o maior lucro do PSI20. A liderança passou agora para a Galp que aumentou o lucro em 50% para 598 milhões de euros.
Excluindo os números da EDP e da Renováveis, as empresas da bolsa teriam aumentado o lucro em 35%, o equivalente a 550 milhões, totalizando 2,1 mil milhões de euros.
Os vencedores e vencidos da época de resultados
Além da EDP, também a EDP Renováveis, CTT e a Sonae Capital apresentaram uma quebra nos resultados. Foram as exceções à regra do aumento dos lucros. Albino Oliveira destaca algumas cotadas pela positiva. Diz que a Altri beneficiou do “impacto da evolução do preço da pasta do papel”. Destaca a evolução das margens de lucro da NOS e a “redução do crédito vencido e evolução da carteira de crédito” do BCP. O banco quase que duplicou o lucro para 257,5 milhões. E está a preparar o terreno para retomar o pagamento de dividendos no próximo ano.
No caso dos CTT, apesar da descida do lucro de 19,5 milhões para nove milhões, os analistas veem sinais encorajadores. João Queiroz coloca a empresa na lista dos destaques positivos, salientando a evolução do negócio postal. Já Albino Oliveira dá nota positiva à evolução das margens da empresa.
Em sentido contrário, a Jerónimo Martins não convenceu os investidores apesar da subida ligeira do lucro em 2,5% para 292 milhões de euros. “Pela negativa, uma referência para a Jerónimo Martins, refletindo essencialmente o impacto no setor do retalho alimentar na Polónia da alteração na regulação no que refere à abertura das lojas ao domingo”, refere Albino Oliveira. A dona do Pingo Doce chegou a descer mais de 6% em bolsa após mostrar os números aos investidores. No mesmo setor a Sonae, que divulgou as contas esta quarta-feira, aumentou o lucro em 50% para 200 milhões de euros. Beneficiou de ganhos de capital com a compra de uma participação na Sonae Sierra.
Apesar da melhoria dos lucros das empresas nacionais, os investidores não estão a premiar a bolsa portuguesa. Desde o início do ano, o PSI20, o índice de referência, desvaloriza quase 8%.
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