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Helder Boavida é o novo presidente do Conselho Estratégico da BMcar. Aos 59 anos e com 30 anos de experiência no setor automóvel, regressa a Portugal depois de uma carreira internacional de 18 anos ligada ao BMW Group. Durante esse tempo foi diretor de Vendas e Marketing, CEO do grupo em Portugal, e posteriormente no México, no Brasil e para a Europa do Norte, com a responsabilidade dos sete mercados da região.
Neste nova “aventura” no mercado nacional, junta-se a Pedro Rodrigues, CEO da BMcar, com o objetivo de desenvolver o potencial de uma empresa que tem demonstrado força e dinamismo invejáveis. Basta ver que, em 2021, em plena pandemia, cresceu 22% em relação ao ano anterior. Em entrevista ao DV/Motor24, Helder Boavida não esconde a enorme importância dos canais de vendas digitais para o negócio, caso da plataforma BMcar Online, mas acredita que a componente humana e emocional continuará a fazer a diferença, sobretudo, em marcas premium, como a BMW e a Mini.
Qual foi a primeiro ponto que colocou na sua lista de “a fazer” quando regressou a Portugal para assumir a presidência do Conselho Estratégico da BMcar?
O primeiro ponto foi tomar a decisão de terminar a carreira internacional e voltar para junto da minha família. Como não fazia sentido (nem seria possível) ser CEO do BMW Group aqui, por ter sido algo que já tinha feito no passado, a minha decisão foi iniciar uma atividade de consultoria e advisor no board de grupos de distribuição em Portugal e, se possível, fora. Neste contexto fiquei muito feliz por ter a BMcar e o Pedro Rodrigues como primeiro parceiro. No top das prioridades do trabalho que vamos realizar está a redefinição do plano estratégico para os próximos anos.
Tem grande experiência no setor. E 18 anos no BMW Group. De que forma poderá pôr esse conhecimento ao serviço de uma empresa como a BMcar?
O mercado automóvel está na fase inicial de uma verdadeira revolução. Do ponto de vista de lógica de distribuição, mas também de produção e de mudança tecnológica e de produto. Neste contexto, tendo uma perceção clara dos desafios que se aproximam, penso que poderei contribuir um pouco com experiência e networking pessoal, para o desenvolvimento de organizações como o Grupo BMcar.
A BMcar conseguiu números de vendas extremamente positivos nos últimos anos, com particular ênfase nestes de pandemia. Qual foi a receita do sucesso?
É verdade. Num contexto de pandemia, a BMcar consegue crescer cerca de 22% em 2021, o que por si só é um feito extraordinário. A receita do sucesso, na minha opinião, está intimamente ligada com três fatores chave: liderança, qualidade da equipa e uma aposta clara no canal de vendas digital (BMcar Online) que arrancou bem antes da covid. Na verdade, hoje, a BMcar atua de modo igualmente eficaz no plano físico através da sua rede de concessões, e no virtual ou digital, disponibilizando exatamente o mesmo tipo de procedimentos que conhecemos numa compra física. Isto inclui todos os processos, desde configuração da viatura, test drive, proposta, financiamento, avaliação de retoma, faturação e até entrega do carro (entre outros passos) que pode acontecer onde o cliente quiser.
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Qual o balanço da BMcar Online? Quanto representa já em percentagem de vendas e de que forma ganhou esta plataforma expressão com a pandemia e a maior atenção dos consumidores ao digital?
Em primeiro lugar, quero dizer que a BMcar está ao nível do que melhor tenho visto nos mercados onde trabalhei, especialmente no que toca às vendas pelo canal digital. Em 2021 a BMcar Online gerou já perto de 15% do total de vendas do grupo. Mas se falarmos na percentagem vendas que se iniciaram online, ou que de alguma forma utilizaram um ou mais processos do canal digital, são claramente uma esmagadora maioria. Isto mostra a tendência atual que é uma tipologia de vendas omnichanel, isto é, um processo em que o cliente usa alternadamente serviços físicos e digitais. A pandemia veio acelerar uma tendência que se vinha a manifestar na última década. No mercado automóvel, genericamente falando, fez-se num ano e meio aquilo que estava previsto para os próximos cinco.
Mas acredita que a componente humana continuará a fazer a diferença na venda automóvel?
A compra de um automóvel ou motociclo continua a ser um processo com uma componente emocional muito forte, especialmente quando falamos em marcas como a BMW ou a Mini. Por isso, a componente humana continua a fazer grande diferença. A importância do digital no futuro é inquestionável, mas parece claro também que os clientes querem ter a liberdade de interagir connosco de forma física ou digital, alternando entre uma e outra, em função das suas conveniências. Podemos brincar um pouco com as palavras e dizer que já hoje e cada vez mais no futuro as vendas serão phygital.
E esta evolução digital… será benéfica ou prejudicial para o negócio de venda automóvel?
É muito positiva. Imagine onde estaríamos hoje, em termos de resultados de vendas, e à saída de uma pandemia, se não tivéssemos este tipo de ferramentas. Este tipo de processos e tecnologias foram fundamentais durante estes últimos tempos para manter contacto com os nossos clientes.
Como olha para o futuro do automóvel na próxima década. Tendo em conta, não apenas a eletrificação dos modelos, a maior conectividade e a própria tecnologia de condução autónoma, mas também o sentido de propriedade. A valorização de “ter” um carro perderá força para modelos como a subscrição?
Vai continuar a ser apaixonante, sem dúvida. Hoje atravessamos um período de mudança tecnológica, com uma viragem clara para as viaturas elétricas e uma acentuação cada vez maior dos serviços digitais. Se por um lado estas mudanças trazem desafios, por exemplo, nos menores custos de manutenção em termos de pós-venda, também é verdade que trazem oportunidades, pois podemos estar em permanente comunicação não só com o cliente mas também com a viatura. No final da década, com a chegada dos autónomos (nível 5) e processos de carregamento por indução, por exemplo, assistiremos a uma redução de custos substancial na gestão de frotas partilhadas que poderá, de novo, mudar o paradigma. No entanto, acredito que os nossos clientes continuarão sempre a querer ter opções entre mobilidade premium e mais exclusiva, ou entre mobilidade mais económica e massificada.
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