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Os empresários da hotelaria em Portugal queixam-se da falta de mão-de-obra qualificada, mas ao mesmo tempo admitem que o sector paga mal e não dá condições suficientemente atrativas que permita fixar trabalhadores. Também falta formação.
Num dos painéis do Congresso da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), os responsáveis máximos dos cinco maiores grupos hoteleiros nacionais (Pestana, Vila Galé, Hoti Hotéis, SANA e Porto Bay) reconheceram a realidade e admitiram que tem que mudar, nomeadamente com aposta na formação.
O dedo na ferida: a hotelaria paga mal
O reconhecimento veio do primeiro interveniente no painel sobre o investimento hoteleiro em Portugal, Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé: “precisamos de melhorar a qualidade dos Recursos Humanos, que devem ser melhor remunerados, sem esquecer a necessidade de maior produtividade”.
Posição reforçada por José Roquette, administrador do Grupo Pestana, para quem é inaceitável que uma empregada que tem a seu cargo 14-15 quartos diariamente ganhe o salário mínimo. “E se nos últimos anos atingimos um pico de rentabilidade, não é razoável que não seja partilhado com as equipas”.
António Trindade, presidente do Grupo Porto Bay, também sublinha a necessidade de dar mais atenção à “mais-valia que é o fator trabalho”.
“Anualmente, distribuímos cerca de 100 mil euros em prémios pelos nossos colaboradores, em função da avaliação que é feita pelos clientes, o rácio de produtividade tem que ser aferido dentro das próprias empresas e não apenas na contratação coletiva.”
Embora haja outras formas de pagamento, lembrou Manuel Proença, chairman do Grupo Hoti Hotéis.
O grupo SANA também premeia regularmente os seus colaboradores, revelou o administrador Carlos Silva Neves.
Entre as condições que faltam contam-se algumas que não dependem do sector hoteleiro. Em muitos casos é a falta de infraestruturas, como acessibilidades ou habitação. Por isso, Jorge Rebelo de Almeida defende eu esta é uma questão que tem que voltar a entrar na agenda do governo, das autarquias; arranjar programas de arrendamento ou de aquisição de casas.
“Uma questão de disponibilidade, mais do que salários, em muitos casos”, frisa António Trindade que avançou com a sugestão de se criarem áreas de alojamento para os trabalhadores junto das unidades hoteleiras.
Falta mão-de-obra e formação
A queixa é generalizada no sector da hotelaria: falta mão-de-obra e qualificada. Mas como fixar pessoas quando os salários são baixos, os horários longos (ou que obrigam a uma permanência muito prolongada) e há pouca formação? “é claro que que as pessoas se vão embora por mais 50 euros”, conclui José Roquette, do Grupo Pestana.
Razões que levam os hoteleiros nacionais a apostar na formação: “temos de ter o objetivo de dignificar cada vez mais as carreiras hoteleiras, diz o presidente do Grupo Porto Bay. Por exemplo, a Academia Vila Galé, tem formação em contínuo para os funcionários do Grupo, diz Jorge Rebelo de Almeida.
Mas o hoteleiro também considera que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) tem que facilitar mais a entrada de estrangeiros para trabalhar no setor. “E além de trazer gente e sobretudo para o Interior, é preciso não deixar que os que inda lá estão, saiam”.
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