//“Hotelaria, restauração e imobiliário não resolvem problemas da qualidade do emprego e de melhores salários”

“Hotelaria, restauração e imobiliário não resolvem problemas da qualidade do emprego e de melhores salários”

O coordenador do Observatório do Emprego Jovem, Paulo Marques, não tem dúvidas: se há uns anos o problema de Portugal era a falta de formação, atualmente é o de conseguir fazer crescer os setores mais intensivos em conhecimento para absorver a maior qualificação académica dos jovens.

Há um mês este observatório anunciou que a qualificação dos jovens adultos, entre os 25 e os 34 anos, aumentou entre 2000 e 2020: a percentagem de pessoas, nestas idades, com ensino superior passou de 12,8% para 39,6% em 2020.

Mas, em 2016, Portugal tinha cerca de um quarto dos trabalhadores (23,6%) com mais qualificações do que aquelas necessárias ao trabalho que desempenhavam.

Realiza-se esta segunda-feira, no ISCTE em Lisboa, a conferência “O Futuro do Trabalho Visto Pelos Jovens” – integrada no ciclo “O Futuro Já Começou”, promovida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Na conferência “O Futuro do Trabalho Visto Pelos Jovens”, vai participar num painel que debate quais as dinâmicas que estão a transformar o emprego em Portugal. Quais são elas?

O mercado de trabalho em Portugal, desde a crise anterior [das dívidas soberanas], teve transformações significativas. Diria que essas transformações trazem notícias boas, mas também notícias más.

Com o aumento das qualificações que tivemos, sobretudo nas novas gerações, que foi extraordinário, tivemos alguma expansão de emprego extensivo em conhecimento, sobretudo na área dos serviços.

Estamos a falar, por exemplo, de programação e consultoria. Tínhamos, em 2008, 22 mil trabalhadores nesse setor, e tínhamos, em 2019, antes da pandemia, cerca de 80 mil.

Quando olhamos para o setor da saúde, em 2008 tinha 180 mil trabalhadores, em 2019 261 mil. Na área de investigação e desenvolvimento, houve uma duplicação de trabalhadores neste setor. Isto é extremamente positivo e mostra alguma capacidade, sobretudo no setor dos serviços.

No setor industrial não houve essa capacidade. Concomitantemente a esse processo, tivemos também o crescimento de alguns setores muito pouco intensivos em conhecimento. Estamos a falar do setor imobiliário, que teve um crescimento de 25 mil trabalhadores para 50 mil, o setor da hotelaria de 60 para 80 mil. O que é que isso provocou?

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