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O volume de transações em imobiliário comercial de rendimento deverá ficar este ano abaixo dos 2000 milhões de euros, previsão que a concretizar-se significa uma queda de 27% face a 2020.
A estimativa é da consultora Cushman & Wakefield (C&W) que aponta a escassez de ativos em áreas como a logística e residencial de investimento, a que se soma a resiliência dos empresários da hotelaria em vender hotéis com elevados descontos, como as principais razões para a quebra do volume de transações. E descarta quaisquer efeitos nefastos da pandemia.
Ainda assim, este deverá ser o quarto melhor ano registado no mercado português.
Há, no entanto, um dado a ter em conta: a concretização ainda neste exercício, ou não, da venda da carteira de ativos hoteleiros que está nas mãos da ECS, que pode representar um negócio de perto de mil milhões de euros.
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“Os hotéis da ECS podem mudar tudo”, admitiu Paulo Sarmento, responsável da área de investimento da C&W esta segunda-feira na apresentação em formato digital do Marketbeat Portugal Outono da responsabilidade da consultora.
Contudo, dada a complexidade do processo – que integra mais de duas dezenas de ativos e, nesta reta final, dois potenciais compradores -, Paulo Sarmento atira para 2022 o fecho deste negócio.
Dentro dessa previsão, adiantou que estão já identificados cerca de 1800 milhões de transações em fase de negociação que deverão ficar fechadas em 2022, onde insere os 900 a 1000 milhões da operação de venda dos hotéis da ECS.
O responsável acredita que o mercado de investimento comercial pode regressar já no próximo ano a valores próximos dos 3000 milhões.
30 novos hotéis
O relatório da C&W revela que desde o início do ano já foram inaugurados 30 novos hotéis no país, com cerca de 2400 quartos. As previsões de novas unidades nos próximos anos continuam a ser revistas em baixa, estimando agora a consultora a abertura de cerca de 190 estabelecimentos, num total 15.100 quartos, até 2024.
No entanto, este pipeline deverá continuar a ser alvo de contração. A concretização dos investimentos que estão ainda em fase de licenciamento ou projeto estão dependentes da evolução do setor do turismo a nível mundial.
Para Andreia Almeida, responsável de research da C&W, o adiamento das aberturas prende-se com o aguardar da retoma do setor, até porque “os fundamentais que tornam Portugal atrativo mantêm-se”. Mas há também que ter em conta que “a recuperação do turismo de lazer será mais rápida do que a do segmento negócios”.
Apesar da crise que ainda assola este setor, os proprietários hoteleiros têm mostrado resiliência em vender as suas propriedades. Segundo Paulo Sarmento, a maior parte dos investidores “está a querer fazer preços muito oportunistas” e não estão a conseguir comprar.
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