//Imobiliário mais próximo do PSI20 com entrada em bolsa da espanhola Merlin

Imobiliário mais próximo do PSI20 com entrada em bolsa da espanhola Merlin

Era dada como certa na bolsa portuguesa ao abrigo do novo regime das SIGI (Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária), mas as exigências da legislação não convenceram os responsáveis. Assim, a Socimi espanhola Merlin Properties vai entrar na bolsa portuguesa através de dual listing, ou seja, vai cotar em Portugal a mesma empresa que tem em Espanha. Até ao fim do ano o processo deverá estar concluído.

A Merlin passará a ser uma das empresas mais valiosas da bolsa nacional, uma vez que tem uma capitalização bolsista próxima dos seis mil milhões de euros. O que a coloca como candidata a entrar no principal índice da bolsa portuguesa. “Em termos de volume seríamos a quinta maior empresa do PSI20. Quando houver uma revisão do índice poderemos entrar, somos candidatos”, explicou o diretor da empresa, Fernando Ramírez, ao Dinheiro Vivo.

A cumprirem-se os objetivos, a Merlin poderá ser uma das cotadas do PSI20 já após a revisão de março do próximo ano. Para ser considerada, a empresa tem de estar cotada há pelo menos 20 sessões, sendo que o período de análise para a revisão de março termina no final de fevereiro.

“O investidor que queira ter exposição ao mercado imobiliário português hoje não pode, porque não há uma empresa cotada”, destaca o responsável.

“Hoje um investidor português que queira comprar ações da Merlin teria de falar com o banco para dar a ordem de compra para na Bolsa de Madrid. Quando o dual listing estiver implementado, pode comprar na bolsa de Madrid ou na bolsa portuguesa, a mesma ação ao mesmo preço. Quando não há bancos envolvidos, porque há gente que compra online, o investidor de retalho normalmente compra na bolsa portuguesa, porque comprar fora é mais complexo e implica comissões mais caras. Cotar em Lisboa abre-nos a possibilidade de estar mais próximo dos investidores de retalho portugueses e torna a operação menos complexa”, destaca Fermando Ramírez.

A empresa já tem adiantados os contactos com a Interbolsa e com a CMVM, estando atualmente a selecionar o agente de pagamentos e a preparar os documentos para fazer o registo na bolsa nacional.

Com a entrada no mercado, a Merlin quer ganhar visibilidade em Portugal. O objetivo é atrair investidores de retalho mas também ser conhecida junto do grande público que procure escritórios, por exemplo.

“Cotar na bolsa portuguesa permite que as pessoas nos conheçam. Entre os agentes imobiliários e no meio em que nos movimentamos somos conhecidos, mas o cidadão comum não sabe quem é a Merlin”, destaca Inés Arellano, diretora da Merlin, que em Portugal é dona de edifícios como o Monumental, no Saldanha, ou o Almada Fórum.

A empresa admite vir a cotar como SIGI no futuro, mas para tal a legislação teria de mudar. “Adoraríamos vir a ter o estatuto de SIGI, mas para já, devido à forma como a lei está redigida, é algo que não nos interessa. Parte da filial teria de ter uma dispersão de pelo menos 20% do capital, o que é muito complicado para nós porque as nossas filiais portuguesas pertencem a 100% à Socimi espanhola”, detalharam os responsáveis.

A Merlin chegou a Portugal em 2015, tendo adquirido desde então 12 imóveis. A última compra foi a sede da Nestle, por 12 milhões de euros. O foco da empresa são os escritórios, centros comerciais e centros logísticos. Para já, Portugal representa 9% dos ativos totais, mas o objetivo é chegar aos 15% a médio/longo prazo.

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