//Indústria de peles e curtumes cresce mais de 50% numa década

Indústria de peles e curtumes cresce mais de 50% numa década

A indústria portuguesa de peles (com e sem pelo) e curtumes apresenta há quase uma década indicadores de forte e continuado crescimento. O setor viu o seu volume de negócios aumentar 53% nos últimos oito anos, totalizando 368 milhões de euros em 2017, aponta o Instituto Nacional de Estatística. E parece que nem mesmo a consciência social e a defesa dos animais fazem abrandar a dinâmica.

Este comportamento, num período em que o país se debatia com uma grave crise económica e financeira, deve-se a uma aposta na internacionalização, que permitiu diversificar clientes, fabricar produtos de maior valor acrescentado e incrementar as vendas de artigos em couro, como marroquinaria.

Nestes oito anos, o número de empresas de peles e curtumes teve uma ligeira redução, totalizando agora 399, mas foram criados mais 1300 postos de trabalho, o que eleva o número de empregados para mais 4500. No caso específico da produção de artigos de pele com pelo, a indústria registou nestes oito anos um crescimento de vendas de 5%, para 2,6 milhões.

O peso da indústria de calçado, que nos anos 90 do século passado era o principal canal de absorção dos curtumes fabricados no país, foi perdendo importância, apesar de manter a supremacia. Setores como os transportes (onde se inclui o automóvel), vestuário, mobiliário e marroquinaria ganharam relevância e permitiram aos curtumes incrementar as exportações, explica a Associação Portuguesa dos Industriais de Curtumes.

“O setor de artigos de pele cresceu de forma muito significativa na última década e, para que se pudesse valorizar, apostou em produtos de elevado valor acrescentado”, sublinha o porta-voz da associação de calçado e artigos de pele, a APICCAPS. O acerto da aposta confirma-se no valor das exportações dos curtumes. Em 2016, ultrapassou os 105 milhões, recorde absoluto.

Recordes repetem-se
Já os produtos em couro, onde se inclui a marroquinaria, registaram em 2017 um volume de exportações de 154 milhões de euros, o que traduz um aumento de 267% face a 2010, aponta a APICCAPS. Recordes tem também somado a indústria portuguesa do calçado, que “continua a exportar mais de 80% dos seus produtos em couro, precisamente porque se trata de uma matéria-prima nobre”, realça o porta-voz. Se em 2008 as fabricantes de calçado exportavam 1068 milhões, dez anos volvidos já vendiam mais 600 milhões, ou seja, 1671 milhões (aumento de 56%).

Segundo Paulo Vaz, diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, o setor não tem muitas empresas a trabalhar em pele, embora haja casos de sucesso. O responsável reconhece que a indústria de curtumes tem apresentado indicadores positivos de recuperação e que isso se deve ao seu posicionamento em produtos de maior valor.

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