A indústria metalúrgica e metalomecânica necessita de 25 mil trabalhadores, apesar de, no ano passado, ter criado 18 mil novos postos de trabalho, alerta Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). “O crescimento do setor tem sido muito relevante” e as empresas carecem de trabalhadores para “praticamente todas as funções”, sublinha.
Em 2017, as exportações atingiram o valor recorde de 16,4 mil milhões de euros, um crescimento de 12% face a 2016. Em maio, o comércio externo valeu 1692 milhões, sendo o 21ºº mês consecutivo em que as vendas ao exterior ultrapassaram os mil milhões.
Já no ano passado a AIMMAP tinha chamado a atenção para a falta de trabalhadores no setor, estimando na altura uma lacuna de 28 mil profissionais. E, como frisou Rafael Campos Pereira, apesar da contratação de 18 mil trabalhadores, não foi possível responder às necessidades das indústrias.
O responsável sublinha que o trabalho “é cada vez menos físico” e os salários têm registado uma tendência de aumento. “Os salários mínimos são residuais e se compararmos com outros setores industriais ou com a hotelaria são 30% mais altos”, garante. Ainda assim, o setor não está a conseguir captar novos profissionais.
No entanto, diz, as empresas portuguesas não conseguem competir com as remunerações praticadas noutras geografias europeias e nos países do Golfo. “Ainda continua a haver emigração, nomeadamente para a Alemanha e países do Golfo”, mercados onde os salários são o triplo dos praticados em Portugal e com condições fiscais mais atrativas. “Exportamos mão-de-obra, os nossos trabalhadores têm uma reputação de qualidade e boas qualificações.”
A vez das mulheres
As mulheres estão a chegar paulatinamente ao setor. Esta tendência é confirmada quer pela AIMMAP quer pelo Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica (CENFIM). Segundo Rafael Campos Pereira, “estão a ter um papel crescente, o setor está mais tecnológico, os postos de trabalho têm um maior valor acrescentado, que vai muito para além da força física” e isso permite a entrada do género feminino numa indústria tradicionalmente de homens.
Susana Graça Moura, diretora do CENFIM do Porto, também reconhece que “há mais mulheres tanto na produção como em cargos de gestão e de chefia”, e essa realidade materializa-se nas empresas, mas também nos centros de formação.
“O setor do metal é visto como mais pesado, menos limpo, menos atrativo, e ainda tem menos formandas do que formandos, mas a situação está a mudar”, garante Susana Graça Moura. A informatização e a robotização das empresas têm ajudado à entrada das mulheres nestas áreas industriais. Funções como soldador não são realmente as mais adequadas ao género feminino, porque é muito pesado, “mas há casos onde é preciso um trabalho mais minucioso para o qual as mulheres têm mais apetência e são mais procuradas”, adianta.
Os cursos do CENFIM, centro que responde por 13 estruturas espalhadas pelo país, têm quase 100% de empregabilidade. “Todos os dias recebemos pedidos das empresas”, frisa Susana Graça Moura, “mas o CENFIM não consegue responder a todos os pedidos”.
O setor metalúrgico e metalomecânico empregava em 2016 mais de 174 mil trabalhadores, com os homens a representarem 75% do total, segundo os últimos dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
com Teresa Costa
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