//Inflação a 2%? “Missão não está cumprida, mas a meta está alcançada”, diz Lagarde

Inflação a 2%? “Missão não está cumprida, mas a meta está alcançada”, diz Lagarde

O segundo dia de trabalhos no Fórum anual do Banco Central Europeu, que decorre em Sintra, ficou marcado pelos dados publicados pelo Eurostat, que colocam a taxa de inflação anual na zona euro
em 2,0% em junho, contra 1,9% em maio e 2,5% no mês homólogo de 2024.

Esta ainda é uma estimativa provisória, mas é suficiente para a presidente do BCE iniciar o debate desta tarde com essa ressalva: “Estamos em 2%. Não estou a dizer que a missão está cumprida, mas que a meta está alcançada. Devemos começar por reconhecer isso”.

Christine Lagarde sublinha ainda que “esta é a leitura mais recente e a meta que tínhamos. É também a projeção da nossa equipa para o médio prazo, tal como tínhamos antecipado.”

No entanto, ainda há caminho para fazer, os elevados riscos obrigam a uma vigilância apertada dos preços: “Sim, enfrentamos muita incerteza. Sim, enfrentamos o risco de aumento da fragmentação e, sim, enfrentamos desenvolvimentos geopolíticos preocupantes, em geral, e que ameaçam a inflação”, alerta.

“Estamos numa posição muito boa”, insiste a presidente do BCE, mas “temos de continuar extremamente vigilantes, comprometidos em cumprir o nosso objectivo”. Por isso, mantem-se a estratégia de tomada de decisão sobre a evolução dos juros “reuniãp a reunião” e sempre com base nos dados disponíveis.

O presidente da Reserva Federal Americana também não adianta se corta os juros já em julho. Jerome Powell tem mantidos as taxas inalteradas, apesar da pressão e das críticas de Donald Trump para que alivie os juros.

Powell defende que ainda não há informação sobre o impacto das tarifas anunciadas pela nova administração, por isso vai aguardar pelos dados do verão.

“As previsões de inflação para os Estados Unidos subiram todas substancialmente depois do anúncio das tarifas. Não reagimos de forma exagerada. Na verdade, não reagimos de todo. Estamos a aguardar”, diz. “Enquanto a economia americana estiver em boa forma, pensamos que o mais prudente é esperar, aprender mais e ver quais serão esses efeitos. Ainda não se manifestaram, por isso, aguardamos”, conclui o presidente da FED.

Inflação volta a subir em maio e acelera para 2,3%

Jerome Powell garante ainda que não reage à pressão de Donald Trump para que baixe os juros: “Estou focado no meu trabalho. O que importa é utilizar as ferramentas para atingir os objeticos que o congresso nos deu: emprego no máximo, estabilidade nos preços e no sistema financeiro. É nisso que nos focamos, a 100%”.

Em discussão esta tarde no Fórum anual do BCE estiveram ainda as moedas digitais, depois da Coreia do Sul ter suspendido o projeto no país. O Governador diz estar preocupado com a regulação. Já Christine Lagarde diz estar preocupada com a utilização que pode ser feita das novas tecnologias.

“Estou cada vez mais preocupada com o papel que terá a inteligência artificial, como as coisas podem ser distorcidas e a opinião pública manipulada”, refere Christine Lagarde.

O problema não é a moeda digital, mas garantir uma política comum para este novo dinheiro. Segundo Lagarde, “estamos a cair em alguma confusão entre dinheiro, meios de pagamento e infraestruturas de pagamento. Isto é enfatizado pelas tecnologias usadas, sobretudo algumas delas. O meu medo é que a distorção das linhas possa levar à privatização do dinheiro”.

Para o governador do Banco de Inglaterra, o importante é que a moeda virtual passe pelo “teste do dinheiro”, assegure que mantem o valor nominal.

O Fórum anual do BCE encerra os trabalhos amanhã, em Sintra, onde por estes dias se encontram os representantes de algumas das maiores autoridades monetárias, além de outros nomes da alta finança e cargos executivos.

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