//Inflação desce para 2,2% em novembro. Poderá ser “sinal de estabilidade”, diz economista

Inflação desce para 2,2% em novembro. Poderá ser “sinal de estabilidade”, diz economista

A inflação abrandou para 2,2% em novembro, segundo confirmou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). “Boas notícias”,disse à Renascença o economista João Duque, apontando para sinais de estabilidade na subida generalizada dos preços.

“São boas notícias em primeiro lugar, porque mostra que o problema da inflação parece controlado e isso permite dar mais estabilidade à imprevisibilidade da evolução das taxas de juro no futuro de curto prazo e também às decisões do Banco Central Europeu”, afirmou João Duque.

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O economista sublinha que estas decisões têm impacto direto na vida de muitos portugueses, sobretudo daqueles que têm crédito à habitação indexado à Euribor.

“Sabemos que influenciam a Euribor e, por essa via, influenciam a vida de muitos, muitos portugueses que têm a sua dívida à habitação indexada a esse indicador de mercado”, explicou, considerando que os dados agora conhecidos são “bons indicadores” e um “bom sintoma”.

João Duque espera que esta trajetória se mantenha, lembrando que valores próximos dos 2% são essenciais para garantir estabilidade económica. “O que está próximo dos 2% significa que temos estabilidade e isso é fundamental não só para as decisões individuais das famílias, mas também das próprias empresas, porque isso é muito importante: a geração de expectativas”, afirmou.

Segundo o economista, quanto mais estáveis forem estes indicadores, maior será a confiança de empresários e investidores. “Quanto mais estáveis forem estes indicadores, mais confiantes estão os empresários e os investidores em geral”, reforçou.

A descida da inflação tem também reflexos na atualização das pensões. Em janeiro, a maioria dos reformados deverá ver a pensão aumentar 2,8%.

Inflação abrandou para 2,2% em novembro, confirma INE

Para João Duque, trata-se de uma boa notícia, ainda que com impacto limitado. “Se a subida das pensões for superior à variação dos preços verificada e que se espera que se venha a manter baixa, então é boa notícia também para os pensionistas”, disse.

Ainda assim, o economista alerta para a dimensão reduzida do ganho real. “Estamos a comparar 2,8% com 2,2% e, eventualmente, mesmo que no futuro venha a ser 2%. Quer dizer, temos um ganho de 0,8%”, referiu, lembrando que, em pensões baixas, o aumento “é muito insignificante em termos nominais”.

“Chega-se ao fim do dia e diz-se: ‘isto apenas resulta em mais 2, 3 ou 4 euros’. Mas, de qualquer das formas, pelo menos garante que, comparando a evolução do custo de um pacote de bens e serviços com aquilo que é o aumento da pensão, a pensão ficou sempre um bocadinho acima do custo desse pacote”, explicou.

Sobre a possibilidade de o Governo avançar com suplementos extraordinários para pensionistas, João Duque considera que ainda é cedo para tirar conclusões, embora admita sinais positivos. “Ainda é precipitado, mas tendo as taxas de inflação controladas, é mais fácil antever que o custo do dinheiro, nomeadamente para a República, é baixo”, afirmou.

Essa conjuntura pode abrir espaço orçamental. “Isso significa mais probabilidade de vir a redistribuir alguma folga que haja no orçamento, até porque há mais garantia de que iremos gastar menos em juros para a dívida pública, podendo sobrar mais alguma coisa para distribuir ou gastar mais em serviços públicos”, concluiu.

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