Partilhareste artigo
No final do mês de julho os bancos tinham portugueses tinham nos seus cofres 82,7 mil milhões de euros em depósitos dos seus clientes. Segundo um relatório do Banco de Portugal (BdP) citado pelo Negócios, este foi o valor mais alto de sempre no que a depósitos diz respeito e que que representa um aumento de 7,2% face ao mesmo mês de 2021. No entanto e com a subida da inflação a alcançar, ainda em julho, um valor de 9,1%, este total de depósitos vale agora menos 16,6 mil milhões de euros.
Relacionados
Como refere Filipe Garcia, economista e presidente da IMF, “quem está a ser mais penalizado pela inflação é o aforrador. Não vê o saldo da conta a diminuir, mas há uma perda real do poder de compra”. E adverte quem tem o seu dinheiro parado num depósito bancário. “Quem tem dinheiro nos depósitos deve, por isso, fazer uma reflexão sobre a forma como aplica as poupanças.”
Foi na pandemia que a taxa de poupança em Portugal alcançou 14,7% do rendimento disponível no final do primeiro trimestre 2021 e o que significou máximo histórico. Em março, e depois de ter aliviado gradualmente, o valor manteve-se em 8,3%, sendo que a sua maior parte é colocada em depósitos bancários. O que se explica pela incerteza vivida na altura da pandemia. “Tipicamente quando há incerteza, há poupança precaucionária. Foi um fenómeno que se sentiu durante o resgate da troika, agora há a inflação e a guerra. Antes havia a covid, quando também não se podia consumir. Para perceber estas dinâmicas é preciso olhar para o consumo e para o investimento privado também. O aumento dos depósitos pode significar que estão a precaver-se”, considera o economista Pedro Brinca.
Porém, para este investigador da Nova SBE, alerta que este dinheiro é uma ilusão devido ao crescimento económico e da inflação. O que significa que se as poupanças dos portugueses crescem menos que a riqueza criada no país, isso quer dizer que os particulares estão a poupar menos.
Subscrever newsletter
Apesar do efeito da inflação estar a fazer perder o valor do dinheiro depositado nos bancos, a realidade é que os portugueses tendem a arriscar pouco no que às suas poupanças diz respeito. E, por isso, aplicam o dinheiro em depósitos ou em investimentos financeiros com pouco risco. Filipe Garcia explica que o modo como se poupa deve ser motivo de reflexão. E frisa que à parte de um fundo de emergência para fazer face a despesas inesperadas – não deve ser deixado todo o aforro à mercê da corrosão do valor do dinheiro por via da inflação.
“A situação não está fácil. As opções para os aforradores colocarem as suas poupanças tendo ganhos não são muitas”, diz.
Deixe um comentário