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O fundador e presidente executivo (CEO) da Socket, startup que deteta vulnerabilidades de segurança em código aberto, considera, em entrevista à Lusa, que a inteligência artificial (IA) generativa “está a evoluir muito rápido”.
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A IA “está a evoluir muito rápido, portanto ninguém sabe o futuro, mas estou bastante animado” porque, “pelo menos torna o desenvolvimento de ‘software’ muito mais acessível para as pessoas, democratiza”, afirma Feross Aboukhadijeh, que este ano participou na noite de abertura da Web Summit.
Ou seja, torna um iniciante desenvolvedor de ‘software’ em intermediário e assim por diante, argumenta.
“E até mesmo para mim”, a trabalhar na área “há muito tempo, [a IA] ajuda a fazer as coisas mais rapidamente”, prossegue, referindo que do lado da segurança esta pode ser usada para “examinar grandes quantidades de dados e encontrar anomalias”. Por exemplo, no caso da fonte aberta, onde há “tanto código na Internet que nenhum ser humano conseguiria rever” na sua totalidade, diz.
Apesar dos benefícios da inteligência artificial, o CEO da Socket alerta que “certos tipos de programas de segurança” podem “piorar”, nomeadamente ciberataques de ‘phishing’.
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Isto porque atualmente grande parte dos ataques de ‘phishing’ “são feitos em massa”, logo este tipo de ‘pesca’ para aceder a informação sensível é enviada para um grupo enorme de pessoas e espera-se que uma caia no esquema.
Com a IA os ataques passam a ser mais sofisticados, dando o exemplo do ‘spear phishing’, que visa uma pessoa ou um grupo específico e que inclui informações personalizadas e de interesse do alvo, onde se pode incluir até documentos financeiros, tornando “100 vezes mais convincente”.
Nesse sentido, a IA, “infelizmente, vai tornar este tipo de ataques mais fáceis”, considera.
Sobre a Socket, que arrecadou em agosto 20 milhões de dólares num ronda da série A, refere tratar-se de uma “ferramenta que ajuda os desenvolvedores a escrever ‘software’ seguro e faz isso de uma forma que os ajuda a trabalhar mais rápido e não os atrasa nem cria” muito trabalho na questão da segurança.
“Temos clientes na Europa e em Portugal, como somos novos estamos neste momento mais focados em empresas norte-americanas, Nova Iorque, Califórnia, mas também temos muitas na Europa”, adianta Aboukhadijeh.
O responsável aponta que um “grande desafio” do ‘software’ é que a forma como este está ser escrito “está a mudar muito rapidamente, o que coloca questões de segurança.
“O que mudou agora é a forma como o código aberto é feito e baixou a barreira de entrada. Assim qualquer pessoa pode criar um projeto de código aberto em dois cliques”, refere.
Portanto, as empresas usam código que “foi escrito por outros” e isso “aumenta os riscos de segurança”, aponta.
Outro desafio é que a velocidade dos lançamentos é mais rápida, o que dificulta testar cada uma delas.
O nome de Feross Aboukhadijeh saltou para a ribalta do mundo tecnológico quando, ainda estudante na faculdade, desenvolveu o Youtube Instant.
“Basicamente o que aconteceu é que estava a estudar ciência de computação na universidade [Stanford]” e a Google tinha acabado de lançar um novo produto chamado Google Instant”, que era tema em todo o lado, conta.
Com o objetivo de tornar a pesquisa da Google mais rápida, avançou para a construção de uma versão para o Youtube.
“Levei três horas a construir” e “todas as pessoas pensaram que era impressionante”, prossegue.
A história é simples: “Apostei com um amigo que conseguiria fazer em uma hora, perdi a aposta, mas quando publiquei o ‘link’ no Twitter [atual X] e no Facebook e fui dormir, na manhã seguinte acordei e os media estavam ‘loucos’ sobre isso e eu não sabia porquê”, recorda.
E depois o co-fundador do Youtube Chad Hurley enviou-lhe uma mensagem a “dizer que era fantástico” e tentou contratá-lo.
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