A intersindical FO-CFTC e a comissão de negociação da CGD-França manifestaram esta segunda-feira a sua solidariedade para com os trabalhadores da sucursal luxemburguesa do banco, que vai fechar, e denunciam “indemnizações de miséria” e “desprezo pelos seus clientes emigrantes”.
No comunicado de imprensa enviado à Lusa, a intersindical e a comissão de negociação da sucursal francesa da Caixa Geral de Depósitos (CGD) começam por manifestar “a sua profunda solidariedade” para com os trabalhadores da CGD do Luxemburgo, “alvo de um plano coletivo de despedimento que está a ser negociado em condições que deveriam envergonhar a instituição pública, o Governo e o país”.
Sob o título “Por que razão abandona a Caixa Geral de Depósitos a sua sucursal no Luxemburgo? Por que razão maltrata os trabalhadores e não respeita os clientes?”, o comunicado denuncia que “os trabalhadores foram avisados em cima da hora que a sucursal da Caixa Geral de Depósitos implantada no Luxemburgo ia fechar as portas, ao fim de mais de 20 anos de presença no país”.
A intersindical FO-CFTC e a comissão de negociação — que apoiaram uma greve de quase dois meses dos trabalhadores da sucursal francesa — consideram que os funcionários da CGD no Luxemburgo “são alvo de escárnio por parte da administração do banco público que, depois de começar por lhes propor indemnizações ‘risíveis’, continua a avançar com propostas muitíssimo aquém do que constitui a norma” naquele país.
O documento aponta que, segundo os sindicatos luxemburgueses, os trabalhadores da sucursal do Luxemburgo auferem “salários consideravelmente abaixo dos salários dos seus colegas bancários” e que são “mantidos com qualificações que deixaram praticamente de ter uso na banca luxemburguesa”.
Nesse sentido, a intersindical e a comissão de negociação da CGD-França apoiam “a luta pela obtenção de indemnizações dignas” dos colegas do Luxemburgo e consideram “insultuoso que o mesmo grupo público que distribui indemnizações milionárias a administradores ao fim de quatro meses de exercício esteja pronto a pagar indemnizações de miséria aos trabalhadores e às trabalhadoras que se prepara para lançar no desemprego”.
A intersindical questiona, ainda, o fecho da sucursal luxemburguesa, “onde vivem, segundo os dados do Ofício da emigração, perto de 100.000 portugueses, representando o primeiro contingente migratório do país e 1/5 da sua população”.
“Implantada neste país há mais de vinte anos, a Caixa Geral de Depósitos também dá provas de um profundo desprezo pelos seus clientes emigrantes no Luxemburgo, os quais não foram informados, até agora, do fecho do banco público, banco público esse que lhes pertence na sua dupla qualidade de cidadãos portugueses e de clientes”, acrescenta o documento.
Em conclusão, o comunicado reitera “a profunda e total solidariedade para com as trabalhadoras e os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos do Luxemburgo” e critica “a péssima imagem que a CGD dá da instituição e do país”.
Em 27 de julho, o presidente da CGD, Paulo Macedo, confirmou o encerramento da sucursal do Luxemburgo, disse que já estava previsto desde 2016 no plano acordado com a Comissão Europeia, e que acontecerá até final do ano.
A CGD vai manter a operação de retalho em França, de acordo com anúncio feito pelo Ministério das Finanças, em 26 de julho.
Durante dois meses e meio, de 17 de abril a 30 de junho, os trabalhadores da sucursal francesa estiveram em greve e fizeram várias ações de protesto nas ruas de Paris, apoiadas pela intersindical FO-CFTC e pela comissão de negociação.
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