//Investimento de 16 mil milhões. Ministro da Reforma do Estado lança Portugal como “líder mundial” de IA

Investimento de 16 mil milhões. Ministro da Reforma do Estado lança Portugal como “líder mundial” de IA

Na esperança de tornar o país num “líder mundial em Inteligência Artificial (IA)”, o ministro Adjunto e da Reforma do Estado previu esta segunda-feira que o investimento no setor em Portugal venha a ultrapassar os 16 mil milhões de euros nos próximos anos, nomeadamente com a construção de “fábricas de IA”.

Na sessão de abertura da 10.ª edição da Web Summit em Lisboa, Gonçalo Matias dirigiu-se à plateia em representação do primeiro-ministro (que participa na conferência da União Europeia com os CELAC na Colômbia) para mostrar que Portugal está empenhado liderar a vanguarda europeia nas várias vertentes da Inteligência Artificial.

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“Portugal está a posicionar-se como um centro europeu líder em gigafábricas de IA, com um investimento estimado superior a 16 mil milhões de euros. Estes projetos reforçarão a soberania digital europeia e nacional, oferecendo uma alternativa segura às infraestruturas fora das nossas jurisdições”, apontou, perante a sala cheia do Meo Arena, em Lisboa.

A referência às gigafábricas de IA (infraestruturas de larga escala dedicadas ao desenvolvimento, treino e operação de sistemas de inteligência artificial) não é de menos: o Banco Europeu de Fomento lançou um projeto (com um investimento inicial de mais de 500 milhões de euros) para fixar as novas cinco fábricas deste tipo na União. A candidatura portuguesa ainda está na corrida e Gonçalo Matias vem agora mostrar que o governo está atento e a “apoiar ativamente”.

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Com a plateia recheada de investidores que vêm à procura de oportunidades rentáveis e de start-ups em busca de novos mercados e até de condições mais atrativas para se fixarem, Gonçalo Matias deixou claro que Portugal tem a “visão, liderança e confiança” necessárias para acompanhar o “futuro de inovação” que tem palco na Web Summit.

“O Governo proporcionará um ambiente regulatório estável e favorável ao investimento e manterá um forte compromisso com a transformação digital e a IA para o crescimento. Portugal está pronto para ser um centro de excelência: competitivo em termos de custos, de grande impacto e com ambições globais. O nosso país tem todas as condições certas para se tornar um líder mundial em Inteligência Artificial”, afirmou.

Para estas metas, o ministro puxou também pela posição estratégica do país, que o torna num ponto de cruzamento de muitos dos chamados cabos submarinos, que permitem as ligações, armazenamento e troca de dados entre continentes.

“É um hiper-hub de cabos submarinos que ligam o mundo, enquanto Lisboa se encontra entre as cidades transcontinentais mais interligadas do mundo. Esta conectividade é complementada por um ecossistema profissional altamente qualificado, construído através de parcerias com universidades e centros de inovação de classe mundial”, apontou.

Estado com IA para ser “mais rápido”

Precisamente por saber que a IA tem um impacto económico estimado de “de 2.3 biliões de euros até 2030” em todo o mundo, o ministro com a pasta da Digitalização tentou mostrar que também na administração pública e nos serviços tutelados pelo Estado há um esforço de introdução das mais recentes inovações tecnológicas.

Para isso, passou em revista os tópicos que também levou em carteira para a sua audição na Assembleia da República, a propósito do Orçamento do Estado para 2026: a Agenda Nacional de IA e a Estratégia Nacional de Centros de Dados que estarão prontas “dentro de semanas” e ainda o Pacto de Competências Digitais que pretende aumentar a literacia digital até 2030, junto das populações mais envelhecidas, isoladas e vulneráveis. Todos, diz Gonçalo Matias, são exemplos do esforço do governo da AD em facilitar e acelerar o quotidiano dos cidadãos.

Portugal está a construir um Estado mais inteligente, mais rápido e com maior capacidade de resposta — um Estado que antecipa as necessidades e apresenta resultados aos cidadãos e às empresas. O nosso objetivo é claro: um Estado ágil, transparente e inteligente, que transforma a informação em ação e os desafios em oportunidades”, referiu.

E o Amália, o ChatGPT à portuguesa?

Foi o grande anúncio da edição do ano passado – Luís Montenegro foi ao Meo Arena dizer que Portugal ia lançar o primeiro LLM (do inglês, “large language model”) construído de raiz em português.

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Um ano depois, o projeto já está cá fora e, apesar de não serem conhecidos números sobre utilizadores ou sobre o impacto da plataforma, Gonçalo Matias destaca a utilidade da ferramenta.

Com a Amália, estamos a dar respostas que ontem não podíamos dar — queremos dar a cada aluno um tutor de IA que ouve, orienta e inspira a sua aprendizagem, dar a cada cidadão uma ajuda para navegar pelo Estado com simplicidade, clareza e cuidado, e dar a cada empresa o poder de imaginar, criar e moldar o futuro”, vincou.

A Web Summit arrancou esta segunda-feira em Lisboa, para a 10.ª edição. São esperados mais de 900 oradores e de 70 mil participantes, nos quais se incluem cerca de 2.500 “startups” espalhadas pelos quatro pavilhões e que vão tentar os mais de 1.000 investidores a comprar e a investir nos seus produtos.

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