Hoje, quem tem o dinheiro estacionado no banco, tem apenas uma certeza: está a ficar mais pobre, dado “o atual ambiente de taxas de juro, com pouco risco, não tenho praticamente retorno”, afirma Bárbara Barroso.
Mesmo o dinheiro investido pode não estar a crescer – basta que a rentabilidade fique abaixo da inflação. Só teremos ganhos reais com rentabilidade “igual ou superior à inflação”.
A grande pergunta é só uma: onde investir? Mas não há uma resposta única ou padrão. “No dia em que alguém responder de caras, desconfie. Porque as finanças são pessoais e personalizadas, cada pessoa tem um objetivo diferente, uma relação com o dinheiro diferente, montantes para investir diferentes, um horizonte temporal diferente”, alerta esta especialista em Finanças Pessoais.
Tudo vai depender do perfil de risco de cada um. “Não há certo ou errado”, apenas limites até onde cada um está disposto a aplicar o dinheiro. Por exemplo, “uma pessoa que não aguenta oscilações de 5% no mercado bolsista, não deve ter ações”.
Não há investimentos errados, mas há burlas no mercado, avisa Bárbara Barroso. “É preciso muita atenção a promessas de grandes rentabilidades e grandes rentabilidades com capital garantido: não há almoços grátis”.
A regra é simples: quando não conhecemos, não investimos; quando não entendemos, não assinamos.
Jovens arriscam mais em investimentos desconhecidos
É uma tendência que tem crescido, sobretudo entre os mais jovens: o investimento em instrumentos novos, como criptomoedas. Segundo Bárbara Barroso, “muitas vezes é o primeiro investimento, e não tem mal nenhum, se a pessoa entender”.
Esta especialista fala em “efeito manada” e FOMO (Fear of Missing Out), o medo de ficar de fora. “Parece que toda a gente à nossa volta está a ganhar dinheiro, menos eu. Vamos investir porque o do lado investiu, o primo investiu, e nós não entendemos. É o cocktail bombástico para dar asneira”, conclui Bárbara.
Apesar de estarem a surgir produtos financeiros novos, os portugueses continuam a dar preferência a opções mais tradicionais, como os certificados de aforro, os certificados do tesouro ou os Planos Poupança Reforma. No entanto, mesmo aqui continua a observar-se muito desconhecimento.
A maioria, por exemplo, não sabe exatamente onde está a colocar o dinheiro quando investe num PPR (plano poupança reforma). Desconhecem as características do produto e não sabem, sequer, “que existem diversos tipos, além dos fundos e seguros”.
Não existem comissões zero
Os bancos são ainda a opção de muitos aforradores, os depósitos atingiram níveis históricos com a pandemia. Com os juros em níveis históricos, os consumidores procuram as instituições que cobram menos para guardar o dinheiro, mas “engane-se quem pense nas comissões zero e que elas vão durar – não vão durar, porque não são sustentáveis”, avisa Bárbara Barroso.
Com a chegada das Fintech, é possível encontrar opções a custo zero, mas não passam de uma armadilha, avisa esta especialista. “O primeiro patamar é gratuito e no patamar seguinte já pagam, que é o modelo que os bancos também estão a adotar”, avisa.
O melhor é apostar nos simuladores, um exercício simples que pode ajudar a encontrar a melhor decisão de investimento. Deve ainda estudar muito bem os produtos onde vai investir. Não coloque o dinheiro se não percebe como funciona o investimento.
Última nota: adote hábitos de poupança. “Ponha o seu dinheiro a trabalhar para si”, resume Bárbara Barroso no título do livro que lança esta semana. Não importa o valor que poupa – será o que conseguir dispensar, “nem que sejam 5 euros”. O objetivo é que se torne uma rotina. Seja consistente.
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