A investidora angolana Isabel dos Santos anunciou esta quinta-feira que “o arresto às contas bancárias pessoais e das empresas em Portugal está a impedir movimentação das mesmas nos diversos bancos, com sério risco de destruição de valor para todos os stakeholders”.
A filha do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, adianta que impugnou o arresto das contas bancárias.
- “Em Angola, os arrestos não impediram o pagamento de salários, a fornecedores, impostos e Segurança Social. Em Portugal, pelo contrário, a justiça entendeu arrestar e congelar contas bancárias, consequentemente impedindo as empresas de pagarem a trabalhadores, à Autoridade Tributária, Segurança Social e fornecedores”, refere num comunicado.
Em Portugal, Isabel dos Santos detém a Efacec e é acionista da NOS, através da Zopt – uma holding em que é parceira da Sonae. É ainda acionista indireta da Galp. Tanto a NOS como a Galp estão cotadas em bolsa.
A empresária é ainda a maior acionista do banco EuroBic, que está num processo de ser vendido ao espanhol Abanca.
Isabel dos Santos controla ou é acionista de outras sociedades, com sede em Portugal e outros países europeus, incluindo a Santoro Financial Holding, que detém a 100%, e Esperaza Holding – na qual controla 40% do capital -, que é acionista da Amorim Energia, que controla 33,3% da Galp.
Isabel dos Santos não especifica, no comunicado, se todas estas empresas que têm as suas contas bancárias congeladas mas a empresária não detém a maioria do capital nem da NOS, nem da Galp Energia.
A Efacec anunciou, no dia 11 deste mês, que as suas contas não estavam congeladas. Isabel dos Santos comunicou que iria vender a sua posição na empresa.
“Com a presente situação, de um inexplicável e infundado arresto às diversas contas bancárias pessoais e das empresas em Portugal, o qual foi já impugnado pelos meus advogados, e que na prática está a impedir a movimentação das mesmas nos diversos bancos, esta realidade passará naturalmente a ser outra, apresentando-se como um sério risco de destruição de valor para todos os stakeholders”, frisa.
“Continuamos a tudo fazer para continuar a cumprir com os parceiros financeiros, com todos os nossos trabalhadores e ainda perante o Estado naquelas que são as obrigações fiscais e contribuições sociais”, salienta no mesmo comunicado.
Isabel dos Santos confirma que as as “empresas europeias maioritariamente” por si detidas contraíram, ao longo dos últimos anos, “empréstimos bancários no valor de cerca de 571 milhões de euros e que, até à data, “foram pagos cerca de 391 milhões de euros, estando por reembolsar 180 milhões de euros”. Esta informação foi noticiada pelos jornais Correio da Manhã e Expresso, no passado sábado.
“As empresas que detenho e trabalham em Portugal estão todas registadas no espaço europeu não sendo nenhuma destas empresas offshore, e estão devidamente capitalizadas, auditadas e operam nos termos mais estritos da lei”, afirma.
Adianta que não pode “ser imputado às administrações das empresas responsabilidades criminais ou outras por falhas de tais pagamentos, já que as mesmas, a ocorrer, não se devem à sua vontade, mas sim ao congelamento das contas bancárias”.
“É por conseguinte, e face ao exposto, de capital importância as empresas poderem retomar a operar com toda a normalidade para que possam cumprir como lhes é exigido com todas as suas obrigações com todos os seus stakeholders e todos seus trabalhadores”, conclui.
A empresária angolana foi constituída arguida em Angola, acusada de lesar o Estado em milhões de euros, tal como o seu braço-direito, Mário Leite da Silva, e o advogado Jorge Brito Pereira, além de dois administradores da NOS – e a sua equipa mais próxima, que optaram por deixar os cargos nas empresas portuguesas em que Isabel dos Santos tem participações.
Ainda não foi possível obter uma reação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários nem das empresas em que Isabel dos Santos é acionista.
Às 11H19, as ações da NOS seguiam a subir 1,4% para 4,504 euros, com 420 mil títulos negociados. As da Galp Energia seguiam a valorizar 0,55% para 14,665 euros, com 292 mil ações movimentadas.
Atualizada às 11H58 com mais informação
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