Numa das mais duras sentenças de que há memória para crimes financeiros, 13 ex-banqueiros foram condenados a pena de prisão por um tribunal em Itália, por fraude e má gestão, num escândalo que levou à nacionalização do banco Monte dei Paschi em 2017.
Os crimes que envolveram o banco mais antigo do mundo – foi fundado em 1472 – abalaram o país e contribuíram para o aumento do populismo em Itália.
Os 13 ex-banqueiros condenados eram do Monte dei Paschi, Nomura e Deutsche Bank e ouviram ontem a a sua sentença na sala esgotada do tribunal em Milão onde decorreu o julgamento, o mesmo local que foi palco de julgamentos da máfia e do antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
Os arguidos foi considerados culpados de ajudar o Monte dei Paschi a esconder centenas de milhares de euros em perdas entre 2008 e 2012, através de um esquema complexo de contratos de derivados – instrumentos financeiros de alto risco.
A pena mais pesada coube ao antigo presidente do Monte dei Paschi, Giuseppe Mussari, que foi condenado a sete anos e seis meses de prisão. Outros quatro ex-banqueiros do Monte dei Paschi foram condenados a cumprir pena. Todos os seis arguidos que trabalharam para o Deutsche Bank e os dois ligados ao Nomura receberam penas de prisão também.
A sentença, que foi lida ontem pela juíza Lorella Trovato. As três juízas que julgaram o caso determinaram ainda a aplicação de multas e apreensão de ativos no montante de 68 milhões de euros ao Deutsche Bank e de 91,5 milhões de euros ao Nomura.
O Monte dei Paschi fez um acordo com o tribunal em torno deste caso em 2016, o que lhe custou 10,6 milhões de euros.
O caso começou a ser julgado em Milão, em dezembro de 2016, e envolveu 100 audições. Os três bancos e os 13 arguidos foram acusados de falsa contabilidade e manipulação de mercado entre 2008 e 2012.
Segundo o Ministério Público italiano, as operações efetuadas ajudaram o Monte dei Paschi – o quarto maior banco em Itália – a esconder mais de 2.000 milhões de euros em perdas acumuladas na sequência da aquisição de rivais mais pequenos em 2008.
O Deutsche Bank afirmou, após a leitura da sentença, que ficou “desapontado” com a deliberação e vai analisar o seu racional assim que for publicada. O Nomura afirmou que “vai considerar todas as opções, incluindo apelar” da sentença.
Os arguidos sempre negaram os crimes e nenhum vai cumprir pena até estarem esgotadas todas as possibilidades de recorrerem, num processo que pode ser muito longo.
Poucos foram os banqueiros condenados a penas de prisão. Em 2017, quatro ex-responsáveis do banco Caja de Ahorros del Mediterraneo e o antigo diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo rato, foram condenados a penas de prisão pelo Tribunal Supremo devido a casos semelhantes de corrupção relacionados com a crise financeira de 2008.
Com Reuters
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