//“It’s a joke”. Ryanair critica capacidade do aeroporto de Lisboa

“It’s a joke”. Ryanair critica capacidade do aeroporto de Lisboa

O diretor-executivo da companhia (CEO), Michael O’Leary, está esta quinta-feira em Portugal, onde marcou uma conferência de imprensa para as oito e meia da manhã num hotel no centro de Lisboa. Num estilo descontraído, de mangas de camisa arregaçadas, não é parco nas palavras afiadas, exprimidas em língua inglesa, que tinha guardadas para o Governo português: “Não há novas rotas a anunciar para Lisboa devido à restrição artificial de espaço. Nós não podemos crescer mais”.

Em Portugal a Ryanair opera em seis aeroportos (Lisboa, Porto, Faro, Funchal, Ponta Delgada e Lajes). Tem 171 rotas previstas, incluindo quatro novas, que ligam: Porto a Gotemburgo (Suécia) e a Cracóvia (Polónia); Faro também a Cracóvia; e Funchal a Shannon (Irlanda). Em 2025 as estimativas apontam para 14 milhões de passageiros a passar por Portugal transportados pela empresa, num crescimento de 6% em relação ao ano anterior.

O’Leary começa por pedir urgentemente o aumento de capacidade no aeroporto da Portela enquanto se trabalha num segundo aeroporto para a capital. “Apelamos ao Governo para que alargue ou elimine urgentemente estas restrições artificiais aos movimentos na Portela, que não passam de uma forma de proteger a TAP da concorrência.” E acrescenta: “O anúncio de que o aeroporto de Alcochete será adiado até 2035 é simplesmente inaceitável. Acreditamos que o aeroporto do Montijo poderia estar aberto dentro de dois anos.”

Entre autoelogios à empresa onde trabalha, nomeadamente sobre os preços que pratica e a velocidade com que embarca passageiros, o CEO da Ryanair explica que a companhia que gere cresceu 40% desde o período da pandemia. Na apresentação que tinha preparada sublinha os 206 milhões de passageiros com que espera trabalhar este ano em 230 aeroportos (95 bases) de 37 países europeus.

Tecendo fortes críticas, Michael O’Leary avisa Portugal de que se continuar a não ser possível aumentar a capacidade em Lisboa, o crescimento será feito no Porto, em Faro e na Madeira, além de países com preços mais atrativos a nível de impostos, como Itália, Suécia, Croácia ou Eslováquia.

Questionado sobre a privatização da TAP, o responsável pela Ryanair é também claríssimo no pensamento. “Sell the bloody thing”, apela, em inglês, recomendando ao Governo que venda 100% da companhia aérea – livrando, diz, os contribuintes portugueses de novo financiamento. “A TAP tem muito valor (…) o hub de Lisboa tem muito valor (…) vai competir com Madrid”, reforça.

“A ANA continua a dizer-nos que o aeroporto da Portela está cheio: é uma piada”. A ANA é a empresa responsável pela gestão de 10 aeroportos nacionais e, assim sendo, é extremamente visada pelas críticas da Ryanair.

É controlada pelos franceses da VINCI (que em 2013 compraram a empresa, ficando com direitos de exploração dos aeroportos portugueses por 50 anos): “Dizem que a estrutura do terminal (em Lisboa) não pode ter mais tráfego. Nós achamos que pode, porque o nosso tráfego é muito eficiente”, defende, argumentado que poucos passageiros trazem malas de porão nos voos da companhia low-cost e que há espaços e horários que pertencem à TAP que não estão a ser usados e que podiam ser, desta forma, realocados.

“Muito mais importante para Portugal é controlar os aeroportos, não a TAP. A competição resulta, reduz as tarifas aéreas e as taxas”, sublinha O’Leary, deixando o alerta de que “se houvesse mais espaço em Lisboa iríamos ultrapassar” a companhia que ainda pertence ao Estado português.

Por fim, nesta passagem pela capital portuguesa, o diretor-executivo da Ryanair condena ainda “a falta de pessoal a trabalhar no controlo de passaportes que tem sido um embaraço nacional em Portugal todo o Verão”, queixando-se dos morosos procedimentos que causam longas filas na capital, no Porto e em Faro. “Let people use the e-gates!”, reforça num apelo para que os controlos eletrónicos, com menos necessidade de trabalhadores no local, sejam mais usados na averiguação de passaportes.

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